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Política

Operação Eclésia completa seis anos

com poucas prisões emuitos recursos,

suspeições enenhum centavo recuperado

o dia 22 de maio de 2012, uma terça-feira, o Mi–

nistério Público do Amapá (MP-AP), em conjunto

com a Polícia Civil do estado, deflagrou a Operação

Eclésia, cumprindo mandados de busca e apreen–

são de documentos e equipamentos de informá–

tica, na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap).

O objetivo era instruir inquéritos civis públicos

(ICPs) em curso na Promotoria de Justiça de De–

fesa do Patrimônio Cultural e Público de Macapá.

Os inquéritos apuravam eventuais atos de improbidade

administrativa na gestão da Assembleia, então presidida pelo

deputado Moisés Souza (PSC). Alguns documentos, dentre eles

notas fiscais e folhas de pagamento de funcionários, já tinham

sido requisitados pelo Ministério Público, mas não houvera

atendimento por parte da Assembleia.

AOperação Eclésia revelou uma série de esquemas de cor–

rupção dentro do Poder Legislativo amapaense. O material

apreendido nas dependências da Assembleia e nas residências

dos envolvidos (deputados, servidores, assessores e empre–

sários) foi analisado e investigado pelo MP, dando início a

ações de improbidade administrativa e ações criminais que

apontavam, até então, um desvio de R$ 44,9 milhões (valores

de 2012) de recursos públicos.

No esquema de corrupção apareceram envolvidos o então

presidente da Casa de Leis e primeiro secretário da Mesa Di–

retora da Alap, respectivamente os deputados estaduais Moi–

sés Souza e Edinho Duarte, que foram afastados de suas

Como resultado de apenas duas ações

penais criminaisjulgadas pelo Tjap,

estão presos (cumprimento antecipado

de pena) odeputado afastado Moisés

Souza, os ex deputados Edinho Duarte

eAgnaldo Balieiro, os ex servidores

Lindemberg Abel Nascimento (que

chegou a ser comandante da Polícia

Militar do Amapá) eEdmundo Tork, eo

casal de empresários Marcel eManuela

Bitencourt, da empresa Marcel S.

Bitencourt - ME, que recebeu R$ 397

mil da Assembleia por serviços não

prestados. Muitos deputados eex

deputados já foram condenados a

devolver dinheiro, mas estão

recorrendo eaté agora nenhum centavo

foi recuperado.

funções, além de outros parlamentares, servidores e empre–

sários.

Como resultado, o Ministério Público ajuizou 49 ações,

sendo 35 por improbidade administrativa, que apontaram, à

época, desvio de R$ 36,2 milhões; e 14 ações penais no mon–

tante apurado de R$ 29,5 milhões, ressaltando que algumas

delas, propostas nos âmbitos cível e criminal. Ainda estão pen–

dentes de julgamento 11 ações penais.

As ações de improbidade administrativa visam ressarcir o

erário, através da indisponibilidade dos bens dos acusados. As

decisões judiciais cautelares permitem, ainda, o afastamento

dos envolvidos de suas funções administrativas, além da pos–

sibilidade de punição dos responsáveis pela prática de crimes

como fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, formação

de quadrilha e outros. Muitos deputados e ex deputados já

foram condenados a devolver dinheiro, mas estão recorrendo

e até agora nenhum centavo foi recuperado.

AOperação Eclésia envolveu cerca de 130 policiais civis,

22 delegados de polícia civil e 25 viaturas. Foram cumpridos

19 mandados de busca e apreensão, na capital e interior do

estado, e recolhidas notas fiscais, recibos, contratos admi–

nistrativos, processos não judiciais, agendas, contracheques,

computadores, desktop, notebooks, pendrives, HDs, cader–

nos de anotações, talões de cheque, folhas de pagamento,

relações de nomes, procurações, títulos de crédito, promis–

sórias, contratos de compra e venda, escrituras públicas e

outros documentos.

Revista

DIÁRIO

- Edição 27 -

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