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órgão vai inviabilizar, atendendo interesses políticos parti–

dários.

Diário - O senhor também atuou decisivamente

para o fim dos bloqueios de estradas aqui no Amapá

durante a greve dos caminhoneiros, não é?

João Bosco - O governo federal não deveria ter se aga–

chado porque a conta quem vai pagar

é

a própria socie–

dade. O presidente não deveria ter se ajoelhado a esse

movimento, e só ajoelhou porque é um governo fraco; se

fosse um governo que tivesse mais legitimidade certamente

teria enfrentado

à

altura esse movimento, com a força que

havia necessidade de ser usada.

É

preciso termos um pre–

sidente com legitimidade e autoridade para harmonizar o

país, que vive momento de muita conflagração, muita into–

lerância. As pessoas já não aceitam mais ouvir a opinião dos

outros; há um grau de hostilidade muito grande. Precisa–

mos de um presidente que consiga dialogar com empresá–

rios e trabalhadores e reprimir os bandidos, porque entre

os empresários há bandidos, como vimos nesse locaute,

que é a greve dos empregadores do ramo de combustíveis;

precisamos de um estado que tenha algum rumo, de dire–

ção, não como esse, sem o mínimo de ordem, proporção

que um pequeno grupo consegue colocar a faca no pescoço

do governo para tirar vantagem, mostrando que tem algo

muito errado neste país.

Diário - Por aqui as invasões...

João Bosco - Macapá

é

uma cidade muito jovem e nós

estamos corrigindo os erros agora, é o momento, porque

se deixarmos passar será muito tarde. Em uma inspeção

que fiz no Canal do Jandiá me deparei com postes da CEA e

encanação da Caesa, mostrando que há incentivo para que

pessoas morem no esgoto pra tirar proveito eleitoreiro,

comprando votos pra mantê-las no esgoto. Isso

é

inaceitá–

vel! Eu não sei qual o governo que colocou, mas estão lá. Há

uma política oficial de incentivo para que as pessoas

morem no esgoto. Imagina só um Estado que incentiva pes–

soas morarem em esgoto pra depois tirarem proveito elei–

toreiro, comprarem votos dessas pessoas. Francamente!

Isso não é um modelo civilizatório.

Perfil...

@:> João Bosco Costa Soares da Silva

é

de Mato

Grosso; juiz federal que chegou ao Amapá

em 1998, como juiz substituto da Seção Judiciária

local. Hoje é titular da 2ª Vara Federal.

Juiz federal acusagovernoTemer de não reprimir empresários bandidos

"Precisamos de um presidente que consiga dialo–

gar com empresários e trabalhadores, e reprimir os

bandidos, porque entre os empresários há bandidos,

como vimos nesse locaute, que foi a greve dos cami–

nhoneiros", diz o juiz federal João Bosco Soares em

entrevista à Revista Diário.

Omagistrado entende que os brasileiros precisam

de "um Estado forte, que tenha rumo e direção". Para

ele, a administração do presidente Michel Temer não

tem o mínimo de ordem, uma vez que um pequeno

grupo consegue colocar a "faca no pescoço" do go–

verno para tirar vantagem.

Para o juiz, o governo federal não deveria ter se

agachado para os caminhoneiros porque, segundo ele,

a conta quem vai pagar é a própria sociedade. "O pre–

sidente não deveria ter se ajoelhado a esse movi–

mento, e só ajoelhou porque

é

um governo fraco; se

fosse um governo que tivesse mais legitimidade cer–

tamente teria enfrentado

à

altura esse movimento,

com a força que havia necessidade de ser usada", pon–

tua o juiz.

Joã o Bosco vê que a fragilidade demonstrada

pelo governo federal mostra que tem algo de muito

errado no país.

Revista

DIÁRIO

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Edição 27 -

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