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ara muitas pessoas, as redes sociais

acabaram se transformando num ver-

dadeiro reality show, onde o usuário pre-

cisa e sente a necessidade de postar todos os pas-

sos de seudia adia. Desdeoacordar até aodormir,

e mesmo se tiver com insônia comunica a todos.

Faz check-in de todos os lugares por onde passa,

inclusive sua própria casa.

Em questão de segundos, sabemos quem está

emParis, quemrecebeuumapromoção, quemtro-

coude carro, quemsedelicia comaquela sobreme-

samaravilhosa, quemmudou seu status, enfim.

Tem também aquelas personalidades que in-

sistem em mostrar um mundo de extrema felici-

dade, onde tudo é belo. Já há outras que postam

suas tristezas, dissabores, raivas, e tantas outras

coisas que sabemos o tempo todo, em tempo real,

como aquela pessoa está. Outros utilizam-se das

redes sociais para excluir, bloquear, não curtir, não

comentar, mostrando sua indiferença pela pessoa

que se quer afetar. E olha que em muitos casos

acabamconseguindo. Temos oportunidadedeou-

vir no consultório, oquantoapessoa ficoumagoa-

da e ofendida por ter sido excluída ou bloqueada

por umamigo, chegando ao ponto de trazer sofri-

mento tão grande, onde o indivíduo acaba re-

moendo aquele sentimento por dias, meses e até

anos. Nesse caso, definitivamente apessoaque ex-

cluiu ou bloqueou acaba por ter êxito em seu ob-

jetivo, que foi fazer comque o outro sentisse a ex-

clusão como se fosse uma verdadeira agressão.

Quem nunca teve oportunidade de observar

discussões homéricas, onde ofensas são ditas,

palavras colocadas, sem qualquer preocupação.

Pelo contrário, tem o intuito de ofender mesmo.

Muito comumisso, nos casos depolítica.Mas tam-

bém temaqueles que utilizamas redes sociais co-

momeio de informação, de dividir conhecimento,

de incentivar, de compartilhar mensagens de

otimismo, enfim, de divulgar algo como intuitode

levar ao público algumbenefício para todos.

Não podemos esquecer que há aqueles que

sentem medo. Possuem muita vontade de postar

tambémsuas fotos,mas têmmedodeprovocar in-

veja. Já que elemesmo sente inveja das postagens

que observa, e acaba achando que sua vida não é

tão boa assim, como a de seus amigos. E assim se

utilizam do famoso bordão: "quanto menos pes-

soas souberem de minha felicidade, mais sucesso

terei", como mecanismo de defesa para sua falta

de coragem. E o fato das redes sociais poten-

cializaremoexibicionismo, acabaacionandono in-

vejoso o botão da visão, onde ele assiste à suposta

"vidaperfeita" dooutro. A inveja, como já tratamos

emediçãoanterior, éumtabu social, tida comoum

dos pecados capitais, e dessa forma acaba sendo

negada por muitos.

A exposição pública constante pode ser inter-

pretada como uma necessidade de autoafirmação.

Embora ela passe a imagem de uma pessoa bem

sucedida, talveznãotenhaaautoestimatãoelevada.

Emcontrapartida, perderhorasdodia, vendooque

aspessoas fazemoupossuem, pode ser uma forma

de alienação para não encarar sua própria vida.

Que os estímulos alheios sejam aliados para

que nos impulsionem a querer coisas melhores, a

fazermos escolhasmais assertivas e assimtermos

consciência do que somos, do que temos capaci-

dade de ter, do que realmente queremos, e o prin-

cipal, sabermos de nossas limitações diante de

nossos desejos. E dessa forma não entrarmos na

fantasia do outro. Dessa forma, não precisamos

excluir ou bloquear aquela pessoa que pode fazer

compras em Paris ou que suas postagens são

muito curtidas e comentadas, e assimconseguire-

mos separar realidadede fantasia, permitindo-nos

lidar melhor com os sentimentos negativos ex-

perenciados nas redes sociais.

Comportamento

Revista

DIÁRIO

- Edição 19 -

05

Claudia Oliveira

Psicóloga clínica

Consultório Psiqué - Avenida FAB, 1070 - Sala 306 - Edifício Macapá Office - 98127-0195

Dra. Cláudia Oliveira

O excesso da exposição

nas redes sociais