Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015

S egundo o professor Orlando Castro, em seu site “Vivendo a Geografia – Espaço & Política”, com a implantação do Polamazônia inúmeras mudanças ocorreram no espaço amazônico, destaque para maior presença do médio e grande capital nacional e estran‐ geiro, atraídos pelos subsídios fiscais da Sudam, além de “apropriação monopolista da terra, ou seja, a terra monopólio de empresas agropecuárias e fazendeiros in‐ dividuais; intensificação dos conflitos fundiários, envol‐ vendo diversos personagens: posseiros, grileiros, em‐ presas, latifundiários, Estado, pistoleiros e gatos, dentre outros; degradação ambiental e impactos sobre a vida da população local”. A região do Araguari, hoje degradada, com a habilita‐ ção de empresas agropecuárias e fazendeiros individuais junto ao Polamazônia, passou, na virada dos fins dos anos 1970 para 1980 a ser habitada por bubalinos e bo‐ vinos, tanto na margem esquerda como na margem di‐ reita do rio. Muitos empreendimentos também ocupa‐ ram a costa atlântica amapaense em frente à ilha de Ma‐ racá. Essas ocupações pecuárias se deram, como até hoje, em áreas de terra firme e várzea. Um característica da pecuária exercida no leste da re‐ gião do Araguari é que 80% dos rebanhos são de búfalos, ficando outra parte do universo de 100% destinada a bois. Outras espécies de gado não são criadas na área. A pecuária desenvolvida também é só de corte, ou seja, pa‐ ra matança e comerciali‐ zação no mercado alimentí‐ cio.O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amapá (Faeap), Iraçu Colares, entende que se alguma medida radical for tomada no Araguari, em de‐ fesa do meio ambiente, como por exemplo uma matança indiscriminada de búfalos, o abastecimento de carne do Amapá ficará seriamente prejudicado. Em meio a essa declaração, ele registra que 70% da carne consumida no estado são provenientes da região do Araguari. Iraçu Colares também é portador de uma informa‐ ção impensável para a grande maioria da população amapaense: em torno de 90% da carne consumida no estado são de búfalos, mas que na hora da comerciali‐ zação passam como se de bovinos fossem. O presidente da Faeap cita uma grande ocorrência de roubo de gado entre os problemas enfrentados pelos que trabalham com pecuária no vale do Araguari, principalmente nos municípios de Amapá, Tartarugalzinho e Pracuuba. Pa‐ ra ele, deveria ser criada uma delegacia de polícia es‐ pecializada em roubo de gado, inclusive com serviço de inteligência. A totalidade do rebanho pecuário ama‐ paense, ainda segundo Iraçu Colares, presidente da Faeap, é em torno de trezentas mil cabeças, sendo ape‐ nas 80 mil de bois. Iraçu justifica a disparidade numé‐ rica, entre bubalinos e bovinos, informando que o bú‐ falo é mais resistente às intempéries. ● População consome bubalinos em vez de bovinos ● Iraçu Colares Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 41

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