Revista Diário - 30ª Edição

Entrevista Jovem deputada reafirma compromisso com a educação e com uma política que combata as desigualdades sociais indo ao Amapá pela primeira vez, para dar palestra na Escola do Legislativo, a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) conseguiu tempo para ser entrevistada com exclusividade pelo jornalista Luiz Melo. Jovem de 25 anos formada em Ciências Políticas na Universidade Harvard, saída da periferia de São Paulo, Tabata é uma das cemmulheres mais influentes do mundo, segundo escolha da BBC. Luta por uma educação que dê chances iguais a todos e por uma política inclusiva sem desigualdades sociais. Para muitos, como ela própria diz na entrevista, Tabata peca pela sinceridade, daí não ter perfil para a política. Com uma lucidez impressionante a deputada afirma que a população não aceita mais políticos que mentem, e que ela está onde está porque somente pela via política pode haver mudanças na sociedade. Acompanhe a entrevista. evita Diário - Como foi o percurso da escola pública para a Harvard? Deputada Tabata – A palavra que resume minha trajetória é educação, e são as chances, a oportunidade que eu tive na educação. Os mais novos talvez conheçam as Olimpíadas de Mate- mática das escolas públicas. Eu participei da pri- meira e da segunda versões, em 2005 e 2006. Isso me deu uma bolsa de estudos em uma es- cola particular que ficava uma hora e meia da minha casa, de ônibus; eumoro emuma ocupa- ção na periferia da zona sul de São Paulo, e foi aí que meu mundo começou a mudar. Foi a primeira vez que conheci um lugar além da periferia. Nenhum dos meus pais tinha estudado. E foi a primeira vez que falaramcomigo de facul- dade, de sonho, de profissão. Fui correndo atrás, estudando, meu professores ajudando; fui pra competições mundiais, não de futebol ou de algum outro esporte, porque não tenhomuito talento nessa área, mas deQuímica, Astrofísica, e ganhei bolsa para fazer faculdade lá fora da própria uni- versidade. Diário – Uma das suas bandeiras, como parlamen- tar federal, é a defesa de uma educação de qualidade para redução das desigualdades no Brasil. É uma mis- são, digamos, quase impossível, ou perfeitamente pos- sível, deputada? Tabata - Pramimé umamissãomuito difícil; talvez leve uma vida todinha pra termos a melhor educação pública do mundo, que é o meu sonho. Mas é o único sonho que cabe emmim, queme faz sentido, porque enquanto eu tive uma trajetória demuita oportunidade, demuita chance, na educação, ninguém mais ao meu redor teve. Eu perdi um número sem fim de amigos, com 14, 15, 16 anos de idade, pras drogas, pra violência, pro crime; perdi também meu pai com39 anos de idade, tambémpara as drogas. Conheço vários amigos que não completaram o ensino médio e eu tenho muita consciência de que eles não são menos esfor- çados ou menos inteligentes do que eu, simplesmente não tiveramchance. É por isso que eu trabalho coma educação. Deputada Tabata Amaral Revista DIÁRIO - Edição 30 - 08 R V

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