Revista Diário - 30ª Edição

Personalidade uito se fala dos campos do Laguinho, quando se trata de história, cultura e religiosidade de matriz africana, mas os campos da Favela se equivalem e possuem a mesma importância. Elísia Congó, cujo DNA é singular em si, é uma das referências do universo criado quando Gertrudes Saturnino e sua gente saíram do centro antigo de Macapá e rumaram para a Favela e de lá espalharam sua negritude e africanidade. s puristas e porta vozes da nostalgia, quando alu- dem a manifestações culturais e folclóricas como o Marabaixo e o Batuque e suas personalidades mais importantes e emblemáticas, via de regra recorrem a ícones como Julião Ramos, Gertrudes Saturnino, Raimundo Ladislau, João Barca, Joaquim Ramos, Dica Congó, Zeca Costa, Tia Venina, Parenta Felícia, Dona Ribeira, Mestra Davina, Mestre Bolão, Tia Chi- quinha, Mestre Pavão, Tia Guíta, Curicaca e Natalina, entre outros que formamuma plêiade de culturalis- tas que cultivaram a cultura afrodescendente enraizada pelos ancestrais dos tempos da escravidão colonial. Porém, novas gerações floresceram e ampliaram a plurali- dade das manifestações culturais e folclóricas (termo pejorati- vizado e até mesmo excluídas por alguns setores das gerações atuais por influência do universo acadêmico-científico) para alémdos limites das comunidades tradicionais e de redutos his- tóricos, religiosos e socioculturais como a Favela, o Laguinho, Curiáu e Formigueiro, entre outros. A massificação e midiatiza- ção das manifestações culturais, através de eventos dentro ou fora do âmbito do Ciclo do Marabaixo ou das festas tradicionais, que em diferentes localidades amapaenses ganhammais visibi- lidade através das apresentações dos grupos de Marabaixo nos eventos do calendário cultural do estado do Amapá. No contexto das gerações atuais, um grupo constituído de netos e bisnetos de personalidades do Marabaixo e do Batuque da época do antigo Território Federal do Amapá (TFA) exerce o protagonismo dentro do ativismo cultural de matriz africana: Joaquim Ramos (Munjoca); Valdinete Costa; Elísia Congó; as irmãs Verônica dos Tambores, Vera e Hosana de Mazagão; Dan- niela Ramos; Laura do Marabaixo; Danny Pancadão; Mônica Ramos; os irmãos Adelson Preto, Nena Silva e Ismael Biluca; Nena Silva; Gaby Azevedo; Tayná Cardoso; Elana Sena; Nadson Hugo e Fábio Sacaca, entre outros, pontuam comdestaque nesse universo e escrevem seus nomes no “Olimpo” doMarabaixo e do Batuque, e já servem de referência para as gerações futuras. Dentre as musas desse quadro contemporâneo, Maria Elísia Carmo Silva ou simplesmente Elísia Congó emerge comdestaque como cantora, compositora e ativista cultural, contribuindo para uma maior visibilidade da religiosidade e da musicalidade afro- Revista DIÁRIO - Edição 30 - 20 O M No dobrar dos tambores e no rodar da saia, um canto pujante no berço da favela Elísia Congó, marabaixeira, educadora e ativista cultural

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