Revista Diário - 30ª Edição

m março de 2013, portanto há pouco mais de seis anos, esse foi o título de artigo que escrevi para abordar o período invernoso amazônico, mais especificamente na cidade Macapá. Assim, começo minha narrativa com alguns fragmentos: (...) No Amapá, menos de 1%de sua área foi desmatada. O estado ainda mantém quase 30% de sua cobertura vegetal protegida. São reservas extrativistas, estações ecológicas, parque nacional e áreas indígenas. Assim, deveríamos sentir-nos seguros ante aos fatores climáticos, porém não é o que ocorre. Em pleno inverno amazônico, como chamamos o período chuvoso, vivemos em estado de alerta diante das consequências da tempo- rada de chuvas torrenciais. (...) Inúmeros são os fatores que contribuem para a insegurança que sofre a população nesta época do ano: falta de energia elétrica; queda de ár- vores; entupimento das poucas gale- rias pluviais existentes; falta de saneamento básico, causando doenças; condições precárias das vias urbanas, es- buracadas e enlameadas; e a densa ocupação das áreas de ressacas servindo de moradia, ape- sar de serem locais impróprios para habitação. O Censo de 2010 apontou que 108 mil pessoas resi- diam nas áreas de ressacas em todo o Amapá. Conside- rando que a população do estado está estimada em 829 mil habitantes, a tendência é que atualmente esse nú- mero seja bem maior. Não temos evidências de tragédias por consequências das chuvas, mas já ficamos de olho no nosso majestoso rio Amazonas que nesta época do ano, durante a maré alta, transborda a nossa conhecida avenida Beira Rio, o canal da avenida Mendonça Júnior, Canal do Jandiá e parte do centro do comércio de Macapá. Embora esse transtorno seja previsível, já que ocorre anualmente, a administração municipal parece que é sempre pega de surpresa. E de fato é. Enquanto isso, em áreas urbanas das grandes metrópoles, o que se vê é o impacto das chu- vas causando verdadeiros estragos e danos à população, inclusive mortes. Esses acidentes geram perdas econô- micas significativas à população. Em agosto de 2011, a então presidente Dilma Rousseff fez o lançamento do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres Naturais, prevendo que cada prefeitura tivesse o seu plano para evitar danos causados por en- chentes ou deslizamentos de terra, entre outros eventos. Os planos mu- nicipais deveriam conter informações sobre ocupações irregulares, diagnós- ticos de áreas de risco e estratégias para remoção, entre outras. No entanto, ainda não há uma obrigatoriedade. A pesquisa do IBGE Informações Básicas Municipais, divulgada em 2012, mostrou que até 2011 apenas 6,2% das 5.565 cidades brasileiras existen- tes na época tinham plano de redução de riscos relacio- nados a desastres naturais. Outros 10% estavam em fase de elaboração. Ainda de acordo com a mesma pesquisa, o município de Macapá não possuía Plano Municipal de Redução de Riscos relacionados aos desastres naturais, aliás, como nenhum dos outros 15 municípios do estado do Amapá. Registro E Revista DIÁRIO - Edição 30 - 18 Chuvas, tragédias e acidentes naturais (e o povo, como é que fica?) Articulista AdrimauroGemaque

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