Revista Diário - 5ª Edição - Abril 2015

Revista DIÁRIO - Abril 2015 - 43 O dia 19 de abril foi a data esco‐ lhida para homenagear o índio. Nesses 515 anos, pouco ou na‐ da se pode comemorar. A vocação dos povos indígenas no continente ame‐ ricano, após o descobrimento, podia ser sintetizada em uma equação sim‐ plória: liberdade, o direito a uma existência saudável e à autonomia cultural. Embora na prática o extermínio indígena tenha prosseguido sem tré‐ guas, até agora, as ideias sobre os ín‐ dios deram gigantescos passos no Brasil. Os portugueses, quando os “des‐ cobriram”, subtraíram‐lhes o direito de seres humanos. Por algumas deze‐ nas de anos, os índios foram conside‐ rados selvagens sem alma, “inábeis para a fé católica” e que deviam “ser tratados e reduzidos ao nosso serviço como animais brutos”. Esse “status quo” perduraria até 1537, quando o papa Paulo III afir‐ mou em bula que os índios eram ho‐ mens e com esse status deviam ser tratados. Com o empurrão da todo poderosa Igreja Católica, em 1570 uma lei proi‐ bia formalmente a escravidão dos ín‐ dios, mas ainda era preciso torná‐los “civilizados”, isso é, convertê‐los a to‐ do custo à religião e aos costumes dos europeus. Há 105 anos o Estado brasileiro criou o Serviço de Proteção ao Índio, que nada protegeu. A Funai, mais re‐ cente, também pouco fez, apesar da função de proteger e promover os di‐ reitos dos povos indígenas no Brasil. O que vimos é uma acentuada ação de destruição dos povos indígenas como: degradação de suas terras, in‐ cursões, exploração de trabalho, in‐ clusive infantil, mendicância e êxodo desordenado causando grande con‐ centração de indígenas nas cidades. Os índios, que no descobrimento eram três milhões, hoje não passam de 817.963 almas. O certo é que des‐ de 1500 as nações indígenas vêm sendo dizimadas pela “civilização” branca, através das doenças, escravi‐ dão ou extermínio sem trégua pela posse da terra. ● E-mail: otonaracy@uol.com.br OtonAlencar Genocídio semtrégua Os índios, que no descobrimento eram três milhões, hoje não passam de 817.963 almas. O certo é que desde 1500 as nações indígenas vêm sendo dizimadas pela “civilização” branca, através das doenças, escravidão ou extermínio sem trégua pela posse da terra. Oton Alencar, Pastor da Igreja Assembleia de Deus, bioquímico, teólogo e advogado ARTIGO Embora o extermínio indígena seja sem tréguas, as ideias sobre os índios deram gigantescos passos no Brasil. Otimismo ➹ Foto:Ritual Taquaral - Xingu Foto: Guilherme Carrano / Funai