Revista Diário - 3ª Edição - Fevereiro 2015
Revista DIÁRIO - Fevereiro 2015 - 63 A especialista Ivone dos San‐ tos Portilho, doutora em Geografia pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp Rio Claro), em sua tese de doutorado ressalta que a ocupação da cidade de Macapá remonta à época colo‐ nial, e está relacionada à defesa e à fortificação das fronteiras do Brasil com a preocupação de garantir a ocupação territorial, assegurando a soberania nas terras conquista‐ das por Portugal. Assim, a ocupa‐ ção efetiva de Macapá aconteceu após o momento em que os portu‐ gueses tendo assegurado o domí‐ nio sobre as terras situadas entre os rios Amazonas e Oiapoque, co‐ meçaram a se estabelecer na re‐ gião de forma mais efetiva, posicio‐ nando em Macapá, em 1738, um destacamento militar. A partir do início da exploração domanganês na Serra do Navio, em função do contingente populacio‐ nal que começou a chegar à, atraída pelas perspectivas de empregos, Macapá viu surgir uma expansão considerável, formando ao Sul, o bairro do Trem e parte do Beirol, como também um aglomerado de palafitas no igarapé do Elesbão; a Oeste, a expansão do bairro Central e parte do Santa Rita; ao Norte, os bairros do Laguinho e Igarapé das Mulheres (hoje, Santa Inês). Essa ocupação completou‐se com os bairros de Santa Rita, e, mais ao Sul, a Vacaria (atualmente Santa Inês); a Sudoeste, o bairro Buritizal; a No‐ roeste os bairros de Jesus de Naza‐ ré e Jacareacanga (posteriormente incorporado ao Jesus de Nazaré); ao Norte o bairro do Pacoval. De acordo com o Anuário Esta‐ tístico do Amapá, a população de Macapá na década de 1960 era de 36.214 habitantes, dos quais 76,10% localizavam‐se na área ur‐ bana de Macapá que comportava, nesse período, um percentual de 52,86 da população do território do Amapá. A intensidade dos fluxos migratórios que ocorreram no pe‐ ríodo de 1950‐1960 pa‐ ra a cidade de Macapá de‐ sencadeou problemas de in‐ vasões de espaços anterior‐ mente considerados inadequados ao uso para habitação bem como um processo de favelização da po‐ pulação recém chegada a Macapá. Na década de 1970, as duas maiores áreas de ocupação espon‐ tâneas ‐ Baixada do Perpétuo So‐ corro, conhecida como Baixada do Igarapé das Mulheres, e, Baixada do Elesbão ‐ tiveram seus ocupantes removidos para uma área situada a leste do Quartel General do 3º Ba‐ talhão de Infantaria de Selva (BIS), originando o bairro Nova Esperan‐ ça, a Oeste da cidade. A transferên‐ cia das famílias das baixadas ocor‐ reu em função do projeto de urba‐ nização destinado a essas duas áreas localizadas às margens do rio Amazonas, em frente à cidade. O crescimento da cidade de Ma‐ capá nesta década deu‐se na dire‐ ção do 3º BIS, entre a rodovia Du‐ que de Caxias e a ressaca do Sá Comprido. A área pertencente ao Ministério da Aeronáutica foi lotea‐ da para fins de alienação, permitin‐ do o surgimento do bairro Alvorada (planejado). Ao mesmo tempo em que se tem parte da cidade com uma ocupação devidamente lotea‐ da e urbanizada com a oferta dos principais serviços coletivos urba‐ nos, a expansão da zona norte bem como a zona sul da cidade, não pos‐ suem a mesma característica. As margens da rodovia BR‐156, os recém chegados deram origem ao bairro São Lázaro e, ainda, na Zona Norte, a formação do Perpé‐ tuo Socorro seguida da Baixada do Japonês. Surgiu, ainda, o bairro Jar‐ dim Felicidade, ao Sul da cidade. Depois de 1985, o bairro Santa Inês se expandiu, atingindo o limite da Lagoa dos Índios entre a Ressaca Chico Dias e a Ressaca do Beirol dando início ao bairro dos Congós, situado entre a ressaca Chico Dias e as ruas Claudomiro de Moraes e Benedito Lino do Carmo. Paralelamente, completou‐se a segunda metade do bairro do Buri‐ tizal que se estende desde a Ressa‐ ca do Beirol até os limites com as ruas Claudomiro de Moraes, perce‐ bendo‐se que a expansão da pobre‐ za urbana, e a ocorrência de epide‐ mias e endemias são reflexos desse processo, trazendo, como conse‐ quência, sérios prejuízos às condi‐ ções de vida da população. O IBGE apurou que o Amapá al‐ cançou na década de 1980 taxa de 59,1% de sua população vivendo em cidades. Na década seguinte, 1990, em função das mudanças po‐ líticas e econômicas ocorridas no Estado, esse percentual saltou para 80,9%, para, em 2000, chegar a um patamar de 89,0%da população do Estado localizada na zona urbana, sem parar de crescer em toda a dé‐ cada atual, concentrada principal‐ mente em Macapá e Santana. ●
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