Revista Diário - 3ª Edição - Fevereiro 2015

E studos referentes à urbanização da cidade de Macapá, tanto no planejamentoounoâmbitododiscursopolítico, referem-seàocu- paçãodas áreas de ressaca–expressão regional empregadapara designar umecossistema típicoda zona costeiradoAmapá. Nadefinição do geólogoAntônio Feijão, sãoáreas encravadas emterrenos quaterná- rios que se comportam como reservatórios naturais de água, caracteri- zando-se comoumecossistema complexoedistinto, sofrendoos efeitos da ação dasmarés, por meio da rede formada de canais e igarapés e do ciclo sazonal das chuvas. Em sua maioria, essas áreas fazem parte da bacia hidrográfica do igarapé da Fortaleza. Levantamento feito pela secretaria de estado doMeio Ambiente, o Amapá possui, ao todo, 43 bacias hidrográficas; destas, a bacia hidro- gráficado igarapé Fortaleza, com193 k² de superfície é consideradauma dasmenores bacias doEstado, eabrigaamaior partedas duas principais cidades do estado – Macapá e Santana, e alerta para o fato de que a ocupação de áreas úmidas dessa bacia como objetivo demoradia tem causado uma pressão cada vez maior nesse espaços de grande fragili- dade natural. Especialistas garantemque aocupaçãodessas áreas para moradia causaperdanaqualidadedos recursos hídricos, desmatamento dematas ciliares e consequentemente, perda de biodiversidade. ● M acapá apresenta crescimen‐ to populacional acima da média da maioria dos esta‐ dos brasileiros. Em 2000, a popula‐ ção era de 283.308 habitantes, se‐ gundo o IBGE, sendo que 89% se concentravam na área urbana (270.620 mil), e 12.680 na área ru‐ ral. Desses, 53 mil viviam em ressa‐ cas – 19% da população. O Censo apurou que em 2010 a população da capital era de 398.204 habitantes, registrando‐se acrésci‐ mo de 114.896 habitantes em 10 anos – 40,5%. O IBGE projetou em 2014 população estimada em 446.757 habitantes, com aumento de 51.553 pessoas em apenas 4 anos – crescimento de 12,2% entre 2010 e 2014, acumulando, em 14 anos, aumento de 57,7%, sendo a 53ª cidade mais populosa do país e a 5ª mais populosa do Norte. O número de domicílios avan‐ çou muito: em 2000, Macapá tinha 60.400 domicílios, saltando para 94.442 em 2010 – aumento de 57.708 domicílios com crescimen‐ to de 56,3% em 10 anos. Em 2012, a estima‐ tiva era de 191 mil em todo o estado, de acor‐ do com a Pesqui‐ sa Nacional por Amostra de Domicí‐ lio. Especialistas pro‐ jetaram para 2012, cerca de 138 mil domicílios. De acordo com o diretor do IB‐ GE no Amapá, Haroldo Canto Fer‐ reira, não se pode ter como 100% certos os dados do PNAD, por se tratar de projeção: “Há diferença enorme entre os dados do Censo e do PNAD, pois este é por amostra‐ gem”, analisa. Especialistas garantem que as mudanças políticas e econômicas ocorridas no Amapá nas duas últi‐ mas décadas são responsáveis di‐ retos pela significativa alteração da configuração espacial da capital, emergindo como causas mais for‐ tes a transformação de território para estado e, mais recente‐ mente, a criação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santa‐ na (Decreto Fe‐ deral n° 8.387, de 30/12/91), que trouxeram para o Amapá migrantes de to‐ das as regiões brasileiras, princi‐ palmente do Nordeste, atraídos pe‐ lo potencial de crescimento do es‐ tado, fincando suas raízes nos mu‐ nicípios de Macapá e Santana. O técnico emurbanização Carlos Castilho explica que a organização espacial da cidade de Macapá não difere das demais cidades brasilei‐ ras no que diz respeito à lógica de estruturação capitalista que, marca‐ da pela dinâmica dos conflitos de in‐ teresses dos atores sociais, define o espaço urbano a partir de diferentes atividades, dando origem a lugares diferenciados, embora articulados pela lógica do capital. ● Espaçosarticulados pelalógica Revista DIÁRIO - Fevereiro 2015 - 62 Habitação Especialistas observamque as mudanças políticas e econômicas ocorridas no Amapá nas duas últimas décadas são responsáveis diretos pela significativa alteração da configuração espacial de Macapá. Texto: Ramon Palhares

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