Revista Diário - 27ª Edição
Meio ambiente E studos revelam que a região de recifes de corais descober- tas na costa do Amapá é pelo menos seis vezes maior do que se calculava e possui ecossistema com características até então não encon- tradas no planeta, compreendendo uma área de 56 mil quilômetros qua- drados, de acordo com estudo publi- cado pela revista científica Frontiers in Marine Science. Ainda de acordo com o estudo, a alta complexidade do fundo e uma grande diversidade de habitats foram registradas, com algas, leitos de rodo- litos (uma espécie de alga calcária), um solo chamado de laterita, jardins de esponja, coral mole e coral negro, cuja estrutura tem altura média de som (115m a 195m de profundi- dade) e uma extensão linear ma- peada de pelo menos 12 quilômetros. Desenvolvido pelo Greenpeace em parceria com especialistas de uni- versidades federais e instituições científicas brasileiras, o estudo revela a existência de um grande corredor de biodiversidade entre o oceano Atlântico e o mar do Caribe, ressal- tando que muito pouco se conhece sobre a área, por isso a exploração de petróleo e gás pode causar sérios ris- cos ao meio ambiente. O Greenpeace afirmou em nota que o setor norte do recife é o local que recebe a maior influência das Recifes são • seis vezes • maiores que o estimado águas repletas de sedimentos do rio Amazonas, e o menos estudado pelos cientistas, devido às fortes correntes marinhas na região, que é a área mais ameaçada, pois no seu entorno se en- contram os blocos que as petrolíferas arremataram no leilão. A empresa Total, também em nota, se manifestou sobre a polêmica: "A Total tem um programa inicial de perfuração de dois poços explorató- rios situados em águasultra profun- das (entre l.800m e 2.SOOm)" e ponderou que o processo de licencia- mento ambiental para perfuração de poços nos blocos operados pela em- presa na Bacia da foz do Amazonas está em andamento. Influência dos recifes de corais no ambiente marinho do Amapá ainda é desconhecida º consultor ambiental Elizeu Vasconcelos, que possui tra- balhos publicados em vários países e é autor de um artigo deno- minado 'Recifes de corais e a explo- ração offshore de petróleo na Amazônia', publicado em vários paí- ses, afirma que até então a definição mais difundida sobre as condições necessárias para o desenvolvimento de recifes de corais era que "os reci- fes de corais ocorrem em á reas tro- picais e subtropicais, em águas apresentando temperaturas médias de 20º C, com boa iluminação, muita oxigenação, poucos nutrientes e baixa turbidez". O especialista pondera, entre- tanto, que essa definição se mos- trou "incompleta e incorreta, em al- guns de seus aspectos, devido à re- cente descoberta dos recifes de corais na costa do estado do Amapá, na qual as condições de baixa lumi- nosidade e intensa turbidez são ca- racterísticas regionais predominantes, não sendo essas condições fatores para a inviabili- dade da existência de recifes de co- rais na região". Ainda não se sabe como esse ecossistema se estabeleceu na Ama- zônia ou como funciona sua dinâ- mica ecológica ou mesmo o grau de importância que representa para a manutenção e equilíbrio dos de- mais ecossistemas presentes na re- gião, destacando que todas essas Revista DIÁRIO - Edição 27- 52 incógnitas ocorrem juntamente com a iminência da exploração de petróleo na região, fazendo surgir incertezas sobre como a atividade petrolífera pode influenciar nos re- cifes de corais. "É importante salientar que a ex- ploração de petróleo na região pode representar um marco positivo no desenvolvimento do Amapá, porém, com a descoberta dos recifes de co- rais, é necessário um novo olhar sobre como essa exploração pode ocorrer e como a atividade pode in- fluenciar nesse ecossistema", pon- tuando que os recifes de corais são formados a partir do CaC03(s) pro- veniente da estrutura esquelética de animais mortos e do acúmulo na-
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