Revista Diário - 27ª Edição

.:a '1JJ Ester da Silva, um exemplo de superação Uma bela senhora de 30 anos de idade, mãe e esposa, empresária do ramo de estética. professora de língua inglesa e pós graduada em docência no ensino superior. Essa apresentação sugere que a pessoa nasceu em berço de ouro. teve vida fácil, família estabilizada, tempo suficiente para realizar seus sonhos com tranquilidade. Nada disso. Ester Rodrigues de Melo da Silva éum bom fruto do amor que existiu entre os humildes Maria e Francisco da Silva. Com frequente dificuldade financeira, ainda teve em casa o drama da mãe que caiu doente com problemas renais. Ela mesma doou um rim à genitora. depois de intensa batalha judicial. Texto: Douglas Lima união de Francisco e Maria resultou no nas- cimento, além de Ester, de Betuel, hoje com 32 anos, e Daniel, falecido ainda em tenra idade. Dona Maria morreu da tenaz doença renal; seu Francisco, vive, depois de susten- tar a família vendendo fogareiros de flandres que ele próprio confeccionava. "Superei. Tive tudo pra desistir, mas fui em frente", confessa Ester ao lembrar que a infância e a adolescência dela foram de mui- tas dificuldades. A hoje empresária passou a primeira fase de sua vida morando de favor, no bairro Pacoval, onde os pais conseguiram um teto no fundo do quintal dos moradores do lugar. A mãe não trabalhava fora de casa, somente o pai, fazendo fogareiros e comercializando-os. "Os fogarei- ros de meu pa i eram muito bons; ele vendia muito, tanto que conseguiu nos sustentar. A sorte também é que em casa tínhamos base religiosa, o que amenizava aquela vida sofrida", confessa Ester que aos oito anos de idade passou a ter um anjo em sua vida. O anjo é na forma da psicóloga e professora univer- sitária Norma Iracema de Barros Ferreira. Quando tinha aquela idade, a menina Ester a recebeu como sua madrinha, pois a convivência fez com que elas passas- sem a ter um vínculo de amizade muito forte. Desde aí a doutora sempre está presente na vida da afilhada. Ester da Silva com Betuel sempre estudaram em es- cola pública. Com a mãe trabalhando fora, cabia à filha ficar com o irmão. Ester tinha que fazer verdadeira acrobacia para estudar pela manhã, voltar pra casa ao meio dia e fazer comida às pressas para dar ao irmão que ia à tarde para a escola. Depois então é que tinha tempo para fazer os deveres escolares de casa. Apesar de toda a dificuldade que enfrentava, Ester sempre foi boa aluna, conseguia notas altas. Ganhou várias bolsas de estudo, porém a maioria delas não concluiu, por falta de condições financeiras. Uma des- sas bolsas foi para Curso de Francês no Centro Estadual de Língua e Cultura Francesa Danielle Mitterrand. Mesmo se esforçando para vencer na vida, a bonita garota branca de olhos claros via a cada dia as coisas piorarem. Foi então que aos 12 anos teve que se em- pregar como babá para ajudar no sustento da família. Ela explica que na verdade não se empregou efetiva- mente como babá, mas fazia bicos com esse metiê. Aos 14 anos a existência de Ester Rodrigues de Melo da Silva virou de ponta cabeça. Conheceu Genilson Pe- reira Morais, do qual no ano seguinte engravidou, tendo depois nascido o filho Ian Kawê. Até hoje os dois são casados. Inexperiente no amor, com uma outra pes- soa para cuidar e o filho para criar, Ester não se intimi- dou. Não parou de estudar. Muito pelo contrário. Conseguiu uma bolsa de trabalho como bolsista esco- lar, com isso conseguindo concluir o Ensino Médio. Porém quando recebeu o diploma do Ensino Médio não foi um ano de felicidades. É que ali fora descoberto que a mãe Maria estava com insuficiência renal crônica. Revista DIÁRIO - Edição 27 - 48

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