Revista Diário - 27ª Edição

órgão vai inviabilizar, atendendo interesses políticos parti- dários. Diário - O senhor também atuou decisivamente para o fim dos bloqueios de estradas aqui no Amapá durante a greve dos caminhoneiros, não é? João Bosco - O governo federal não deveria ter se aga- chado porque a conta quem vai pagar é a própria socie- dade. O presidente não deveria ter se ajoelhado a esse movimento, e só ajoelhou porque é um governo fraco; se fosse um governo que tivesse mais legitimidade certamente teria enfrentado à altura esse movimento, com a força que havia necessidade de ser usada. É preciso termos um pre- sidente com legitimidade e autoridade para harmonizar o país, que vive momento de muita conflagração, muita into- lerância. As pessoas já não aceitam mais ouvir a opinião dos outros; há um grau de hostilidade muito grande. Precisa- mos de um presidente que consiga dialogar com empresá- rios e trabalhadores e reprimir os bandidos, porque entre os empresários há bandidos, como vimos nesse locaute, que é a greve dos empregadores do ramo de combustíveis; precisamos de um estado que tenha algum rumo, de dire- ção, não como esse, sem o mínimo de ordem, proporção que um pequeno grupo consegue colocar a faca no pescoço do governo para tirar vantagem, mostrando que tem algo muito errado neste país. Diário - Por aqui as invasões... João Bosco - Macapá é uma cidade muito jovem e nós estamos corrigindo os erros agora, é o momento, porque se deixarmos passar será muito tarde. Em uma inspeção que fiz no Canal do Jandiá me deparei com postes da CEA e encanação da Caesa, mostrando que há incentivo para que pessoas morem no esgoto pra tirar proveito eleitoreiro, comprando votos pra mantê-las no esgoto. Isso é inaceitá- vel! Eu não sei qual o governo que colocou, mas estão lá. Há uma política oficial de incentivo para que as pessoas morem no esgoto. Imagina só um Estado que incentiva pes- soas morarem em esgoto pra depois tirarem proveito elei- toreiro, comprarem votos dessas pessoas. Francamente! Isso não é um modelo civilizatório. Perfil... @:> João Bosco Costa Soares da Silva é de Mato Grosso; juiz federal que chegou ao Amapá em 1998, como juiz substituto da Seção Judiciária local. Hoje é titular da 2ª Vara Federal. Juiz federal acusagovernoTemer de não reprimir empresários bandidos "Precisamos de um presidente que consiga dialo- gar com empresários e trabalhadores, e reprimir os bandidos, porque entre os empresários há bandidos, como vimos nesse locaute, que foi a greve dos cami- nhoneiros", diz o juiz federal João Bosco Soares em entrevista à Revista Diário. Omagistrado entende que os brasileiros precisam de "um Estado forte, que tenha rumo e direção". Para ele, a administração do presidente Michel Temer não tem o mínimo de ordem, uma vez que um pequeno grupo consegue colocar a "faca no pescoço" do go- verno para tirar vantagem. Para o juiz, o governo federal não deveria ter se agachado para os caminhoneiros porque, segundo ele, a conta quem vai pagar é a própria sociedade. "O pre- sidente não deveria ter se ajoelhado a esse movi- mento, e só ajoelhou porque é um governo fraco; se fosse um governo que tivesse mais legitimidade cer- tamente teria enfrentado à altura esse movimento, com a força que havia necessidade de ser usada", pon- tua o juiz. Joã o Bosco vê que a fragilidade demonstrada pelo governo federal mostra que tem algo de muito errado no país. Revista DIÁRIO - Edição 27 - 15

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