Revista Diário - 18ª Edição
E stamos atravessando uma crise, e com ela umaavalanchedepreocupações. Aapreen- são acerca do dinheiro vemno topo das in- quietações que assola a mente humana. Aϐinal, o dinheiro temsigniϐicado tantoemnossa realidade quantononosso imaginário. Quemnunca divagou horas, pensandooque fariaseganhassena loteria? A forma como nos relacionamos como dinheiro e com os ideais de satisfação que acabamos proje- tando nele, determina o excesso de ansiedade que passamos a experimentar. Muitas vezes, antesmesmoque "acrise" nosal- cance, já formulamos perguntas como: O que vou precisar mudar? Vou ter que abrir mão de quê? Quanto tempo issovai durar?Eassimpordiante. E justamoso ter emdetrimentodoser. Nãopodemos negar que existem aspectos práticos na vida, que precisamos planejar e nos organizar. Porém, a for- ma de se relacionar com o vil metal pode, muitas vezes, mesmo que inconscientemente, fazer com que nós passemos a colocar preço em tudo. Pagar minha ausência, com presentes para meu ϐilho, manipular as pessoas com o meu poder de com- pra, achar queas pessoas só irãogostar demimse eu presenteá-las, que só terei respeito se possuir o último lançamento de celular, só serei bematendi- do se eu estiver vestido com as grifes e marcas da moda, eassimpordiante.Destaforma, alinhaentre ter e ser vai ϐicando cada vezmais tênue. Freud chamou a atenção sobre a relação do dinheiro estar intimamente ligada aos primeiros anos de vida, pelo fato da criança aprender a ne- gociar o afeto da mãe, e que isso inϐluenciaria, na forma como lidaremos com o dinheiro no futuro. E assim, medo, desejo, ansiedade, são prejudiciais à vida. E com isso, muitos acabam usando do poder aquisitivo como forma de compensação para a solidão. Comprando alguémpara nos fazer companhia, por exemplo. Quantas vezes já ouvimos alguémdizer que a melhor terapia é ir às compras? O consumo de- senfreado acaba por nos reduzir ao TER. E assim, quando paramos para analisarmais intimamente esses dois verbos tão presentes em nossas vidas, acabamos nos deparando comumSER completa- mente apagado nummundo de aparências. OTER, está ligadoaomundoexterno, reduzin- do-seaoque possuímos, oqueacaba trazendosta- tus e fama, satisfazendo nosso ego. Diferente- mente, o SER enfoca o nosso mundo interno, e quando nos damos contadenossos sentimentose sensações, acabamosnos aproximandodoser. Isso mesmo! Ser e sentir estão correlacionados. A necessidade excessiva de ter acaba reduzin- do o ser, e assim deixamos o que nós possuímos tomar contade tudo, acabandoporsucumbir oser. Abusca pelo excesso nos aprisionaemummundo ligado ao exterior. E a liberdade está justamente pautada no compartilhar, dar e amar. Embora, na atualidade, esteja muito diϐícil deϐinir as relações que estabelecemos com os outros, com as coisas que possuímos e, principalmente, com nós mes- mos. Se conseguíssemos deϐinir isso, enten - deríamos a diferença entre SER e TER. Claudia Oliveira Psicóloga clínica Consultório Psiqué - Avenida FAB, 1070 - Sala 306 - Edifício Macapá Office - 98127-0195 Dra. Cláudia Oliveira
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