Revista Diário - 17ª Edição

Revista DIÁRIO - Edição 17 - Ano 2016 - 65 D urante muitos anos, a margem con‐ signável da folha de pagamento dos servidores da União era restrita a casos específicos referentes à compra de imóveis e empréstimos do Ipase, seguros de vida ou algumdesconto proveniente de ação judicial. Esse procedimento passou a ser relaxado a partir do surgimento daNo‐ va República, em1985, que fez ressurgir a democracia em nosso país. Com a abertura democrática, come‐ çou também a abertura do contracheque dos servidores e, rapidamente, os 30%da margem consignável passaram a ser o al‐ vo preferido dos bancos oficiais e priva‐ dos. Inicialmente, o servidor teria que comparecer ao banco e poderia contrair um empréstimo, sem muito protocolo, desde que a suamargemconsignável per‐ mitisse. A partir do governo FHC, começa‐ ram a surgir “financeiras” isoladas, cre‐ denciadas pelos bancos. Com tanta facili‐ dade para conseguir umempréstimo, não faltoumais dinheiro no bolso de milhares de servidores públicos. Certa de que a onda de empréstimos poderia provocar o endividamento de muitos servidores, a entãoministra da ad‐ ministração, Claudia Costin, decidiu dar um basta nos consignados. Com a sua saí‐ da do ministério, a porteira voltou a ser aberta e o número de empréstimos se multiplicou, abrangendo todo o setor pú‐ blico, federal, estadual emunicipal. Dinhei‐ ro para emprestar, sobrava, pois o gover‐ no Lula, usando os recursos do FGTS, Pis/Pasep, Fundos Pensão, abarrotou as instituições financeiras. Com o surgimento dos cambistas, surgiram também as fraudes contra os servidores, que passaram a ser investiga‐ das. A ficha caiu em fins de junho, quando a Polícia Federal deflagrou a operação ‘Custo Brasil’, efetuando várias prisões preventivas, condução coercitiva, apreen‐ são de documentos e computadores. O Siape, órgão do Ministério do Planeja‐ mento, responsável pela confecção da fo‐ lha de pagamento e expedição dos con‐ tracheques dos servidores, teve o site “siapenet.gov.br” , desligado. Preso e conduzido à carceragemda Po‐ lícia Federal, o exministro do planejamen‐ to de Lula, e das comunicações de Dilma Roussef, PauloBernardo, é apontado como sendo beneficiário de 9%do bolo que ren‐ dia cemmilhões de reais por ano. Foi cons‐ tatado que, de cada empréstimo consigna‐ do, era retirado R$ 1,50, que ia cair numa firma criada pelo próprio Bernardo. Quanto ao que poderá acontecer, após mais essa ação moralizadora da Força Tarefa, não restam dúvidas de que o impeachment de Dilma Roussef já po‐ de ser considerado como prego batido, ponta virada. ● Na distribuição, 5% ficavam comos donos da empresa, e os 95%restantes eramdivididos com os membros do bando, sendo que, a maior parte, era destinada ao PT. Comomaiores prejudicados pela ação criminosa, com a conivência do próprioministro do planejamento, os servidores não podem ficar de braços cruzados. Caberá ao sindicato da categoria entrar comação na Justiça, contra o governo federal, a fimde que lhes sejam ressarcidos os valores extraídos indebitamente dos empréstimos consignados. Jornalista RuyGuarany Ruy Guarany, Jornalista articulista do Jornal Diário do Amapá e Revista Diário ARTIGO Amáfia dos consignados

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