Revista Diário - 17ª Edição

Esportes O s mais indiferentes ao sucesso dos Jogos Olímpicos sempre procuram mostrar que, comos Jogos do Rio de Janeiro, o Brasil comprou um produto que vai desaparecer. O gigantismo das últimas edições tem preocupado o Comitê Olímpico Internacional (COI) quando, baseado nos exemplos anteriores, analisou as dificuldades das cidades de Oslo, Estocolmo, Boston e Hamburgo, que desistiramdas promoções devido aos altos custos dos eventos. A solução foi aprovar a cidade de Tóquio para os Jogos de 2020, com o imperativo de feitura de menos construções para as disputas das mais de 32 modalidades do programa oficial. No caso do Brasil, a ideia de obras gigantescas alertou ainda mais a linha defendida pelo COI, determinando que a partir de Tóquio não haverá obrigação de gastos para novas instalações, utilizando as que já existem nos países candidatos. O desejo de melhor atender aos países promotores vemdesde 1932, quando o Barão Pierre Coubertin recomendou a necessidade demenos gastos, pois entendia que no futuro haveria problemas. O desejo do Barão não teve efeito, porque em 1936, em Berlim, Adolf Hitler, na sua megalomania, desprezou a recomendação e vendeu a Alemanha com grande riqueza. No Brasil os problemas aparecem, mais devido às crises política e econômica acompanhadas de corrupção, o COI regulamentou novo modelo para futuros Jogos, sob de pena de não ter cidades prontas para aceitar tamanho desafio. O problema financeiro também existiu nos Jogos de Atenas, em 2004, quando a Grécia recebeu doação de U$ 1 bilhão da União Europeia, única condição para dar cabo à promoção. Com crise ou sem ela o Brasil teria dificuldades de atender ao que era hábito nas disputas anteriores. Acresce, em relação aos Jogos do Rio, que as decisões foram tomadas como punho político, embora os seus autores soubessem que o país não tinha condição para atender às exigências até então exigidas pelo COI. Em 2009, em Copenhague, os governantes disseram sim, sem contudo avaliar os gastos e sem ter poupança interna para corresponder à grandiosidade do espetáculo. A visão do COI é cuidar para evitar o desgaste da competição esportiva e cultural do mundo. O Brasil virou manchete favorável por um lado, pela importância do país, e, por outro, críticas severas quanto às suas condições relativas à saúde, meio ambiente e falhas nas diversas arenas para abrigar os melhores atletas do mundo. ● UlissesLaurindo, comentarista esportivo UlissesLaurindo A nova filosofia dos Jogos impressa pelo COI será aplicada no Japão, único entre os candidatos a se oferecer ao sacrifício e não construir novos palácios para 2020. Revista DIÁRIO - Edição 17 - Ano 2016 - 45 Jogos Olímpicos mudam

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