Revista Diário - 17ª Edição
estão sob os holofotes da mídia, como as ricas, famosas e instruídas. Estudos mostram que muitas mulheres, de todas as classes sociais, deixam de denunciar e vivem dia após dia num círculo vicioso de vio‐ lência física, verbal ou qualquer outra, quando tentam romper como patriarcalismo que ainda domina a sociedade. E rimos das piadas das loiras burras, dasmu‐ lheres que adoram apanhar, da pulada de cerca de um amigo, dos homens da obra que não me‐ xem com mulher feia, implicamos com roupas de "piriguetes".... Nosso mínimo de ser quem quisermos e nos propusermos ser parece às vezes tão dis‐ tante! É tão sério e contundente que vários cri‐ mes de homicídio começam na seara domésti‐ ca e pouco se faz para evitar aquela tragédia anunciada. Já evoluímos muito com a relativização da legítima defesa da honra, a tese preferida pra absolvição no júri de muitos homens pratican‐ tes de violência fatal contra as companheiras nas décadas passadas. O grande marco sur‐ giu com a Lei Maria da Penha e suas ri‐ gorosas medidas. Maria da Penha Maia Fernandes, que emprestou seu nome para a lei mais incisiva contra violência do‐ méstica no Brasil, Lei 11.340/2006, era farmacêutica e tinha mestrado quando foi atingida por um tiro de revólver nas costas que a deixou paraplégica, por seumarido econo‐ mista, professor universitário e pai de suas três filhas. Não contente, após o tiro ainda tentou eletrocutá‐la no banheiro. Nitidamente escolarida‐ de e classe social pouco importam no trato da violência contra a mulher. Que tenhamos cada vez mais mulheres coma coragemde Luíza, Maria, Malala e tantas outras anônimas. É que definitivamente a vio‐ lência não tem classe. ● Qual é o rosto de quem pratica a violência contra a mulher? Estatisticamente nas classes mais baixas ela é mais evidente, mas quantas não deixam de denunciar e vivem dias após dias num círculo vicioso da violência física, verbal ou qualquer outra, quando tentam romper com o patriarcalismo que ainda domina a sociedade. Revista DIÁRIO - Edição 17 - Ano 2016 - 43 Elayne Cantuária, Juíza e articulista do Jornal Diário do Amapá e Revista Diário
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