Revista Diário - 17ª Edição

E m tempos de tantas expressões e lutas por direitos de populações estigmatizadas, co‐ mo as minorias sociais, de gênero, étnicas, políticas, entre outros, nos deparamos ainda com uma coisa apavorante: a violência contra a mulher. Luíza Brunet, um ícone da moda e pas‐ sarela dos anos oitenta, acusa o companheiro Lí‐ rio Parisotto de lhe espancar e quebrar quatro costelas dela. A notícia veio para a mídia por meio da de‐ núncia da modelo de forma muito corajosa, afi‐ nal quemé celebridademuitas vezes passa omi‐ to da vida feliz e sempre plena. Não é bemassim. Isso desbanca o velho bordão de que o universo dos famosos e das pessoas refinadas jamais po‐ deria vivenciar isso. Costumo afirmar quemuitas vezes a pior das violências não é tão somente aquela que deixa marcas físicas, essas por vezes saram, mas aque‐ la que fere a alma, apodera‐se de nossos valores mais íntimos, rasga um cânion tão grande na mente e no coração que vira ferida aberta. Ouço tanto falar emempoderamento femini‐ no, que no seu conceitomais amplo é a busca da equidade do gênero nomeio social, todavia tam‐ bém vejo nas redes sociais defesas absurdas de que usar umdecote ousado, mini‐saia, roupa co‐ lada é pedir pra ser molestada e quem tem "do‐ no" geralmente usa roupas mais recatadas. São tantos os estigmas e preconceitos. Às ve‐ zes fico observando comentários até de quem deveria ter o compromisso de agir diferente, mais precisamente, daqueles que tiveram aces‐ so à educação e de nósmulheres, quemuitas ve‐ zes passamos em frente esteriótipos e modelos ultrapassados de criação. Qual é o rosto de quem pratica a violência contra a mulher? Estatisticamente nas classes mais baixas ela é mais evidente, entretanto es‐ sasmulheres anônimas nada tema perder e não Juízadedireito Revista DIÁRIO - Edição 17 - Ano 2016 - 42 A violência não tem classe ARTIGO ElayneCantuária

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