Revista Diário - 17ª Edição

Revista DIÁRIO - Edição 17 - Ano 2016 - 35 O s Nunes vieram a Macapá especialmente para o evento da Tocha Olímpica. Presidente da Confederação Brasileira de Esportes Aquáti‐ cos, residente no Rio de Janeiro, Coaracy Nunes Fi‐ lho foi convidado para conduzir o símbolo olímpico e, por motivo óbvio, escolheu Macapá para executar a incumbência. A irmã Gracinha, que quando o pai morreu tinha apenas dois anos de idade, e que já es‐ tivera no Amapá apenas uma vez, aproveitou o en‐ sejo para vir, e trouxe a filha Gisela e a sobrinha a tiracolo. Luciana é filha de Coará. Eles se encantaram com a recepção que tiveram. O encanto, contudo, foi mais pelas boas lembranças e a admiração que o amapaense tem pelo deputado Coaracy Nunes do que pela própria acolhida. Graci‐ nha disparou: “Eu me sinto em casa, aqui”. Coará misturava alegria e outras emoções positivas, sem‐ pre com o seu belo sorriso. Dias depois, por e‐mail, recebi de Gracinha a se‐ guinte mensagem: “Quero que saiba que esta nossa passagem por Macapá foi muito importante para o Coaracy. Senti que, como ele anda muito doente e ama esta terra, não quis perder a oportunidade de homenagear o nosso pai, mas também se despedir de tudo aí. Fiquei muito impressionada com certas palavras que suspirava, tais como: missão cumpri‐ da, adeus Macapá e a felicidade de poder estar aí com todas nós que curtimos muito. Para mim é uma feliz e triste realidade que tive e vou ter que enfren‐ tar. Feliz porque vi que ele realizou algo que falava ao seu coração, e triste porque devo me preparar para os momentos que nunca gostaria de passar, co‐ mo perdi papai aos dois anos, ele se fez de meu pai. Mas faz parte da vida a perda de quem mais ama‐ mos. Por esta razão, não deixo de estar sempre com ele, e ele quer que eu esteja em tudo que seja feliz pra ele”. O amor familiar entre os Nunes é algo que im‐ pressiona. Coaracy, bonachão; Gracinha, estudiosa da Logosofia, é de uma pura acessibilidade, coração de todas as mães; a filha dela, doutora Gisela, huma‐ na com a solidariedade à flor da pele; e Luciana, sor‐ riso largo, afeição desmedida pelo pai. Todos eles, em cada palavra, em cada gesto, manifestando um sadio orgulho pelo muito que foi Coaracy, o deputa‐ do. “Coara, é por isso que nós somos felizes, porque o papai foi o grande homem que todos reconhecem aqui no Amapá”, explodiu a falante Gracinha quando no carro se dirigia para conhecer um grande admi‐ rador e protegido do pai, o professor Raimundo Pantoja Lobo, que foi analfabeto até aos 18 anos de idade, ingressou na escola com apoio do ex deputa‐ do e se tornou uma das maiores sumidades da Lín‐ gua Portuguesa, em todo o Brasil. Coaracy Nunes, batizado Coaracy Gentil Montei‐ ro Nunes, foi o primeiro deputado federal pelo Ama‐ pá, na época de território federal. Morreu em 21 de janeiro de 1958 em acidente aéreo nas matas do Macacoari, juntamente com o promotor público Hil‐ demar Maia e o piloto Hamilton Silva. Na ocasião, ele exercia o seu terceiro mandato parlamentar e se preparava para disputar o governo do território. O deputado, Hildemar Maia e Hamilton Silva ti‐ nham ido, no dia anterior, participar da festa em louvor a São Sebastião na comunidade do Macacoa‐ ri, situada no município de Itaubal do Piririm. No retorno, o pequeno avião apresentou problema, ba‐ teu numa árvore e explodiu. Coaracy Nunes era chamado de “Deputado da Amazônia”. Defendia to‐ da a região, não apenas o Amapá. Lutou pela cria‐ ção da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), hoje Sudam, e elaborou os projetos de criação da Companhia de Eletricidade do Amapá e de autorização da cons‐ trução da Hidrelétrica do Paredão, que leva o seu nome. Coaracy também denomina rua e escola em Macapá. Praticamente em todos os municípios amapaenses o nome dele está presente, identifican‐ do algo importante. ●

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