Revista Diário - 16ª Edição - Junho 2016
N ascida no Parque Indígena do Tumucumaque, fronteira com a Guiana Francesa, da etnia Waiã‐ pi, tornando‐se mãe aos 13 anos de idade, ela resolveu ir para a cidade, mendigou, passou fome, aprendeu a ler e foi condecorada com diversas meda‐ lhas de literatura. Estudou artes, foi atleta, virou fisio‐ terapeuta e cursa hoje a terceira graduação em saúde. Essa é a trajetória de Sílvia Nobre Waiãpi que, aos 35 anos, tornou‐se a primeira militar indígena integrante das Forças Armadas do Brasil. Hoje, Sílvia é a chefe do Serviço de Medicina Físi‐ ca e Reabilitação/Fisioterapia do maior Hospital Mi‐ litar da América Latina, o Hospital Central do Exército ‐ é a pri‐ meira vez que uma indígena as‐ sume a chefia de um serviço de saúde de um hospital de referência em saúde militar. O estabelecimento, sediado no Rio de Janeiro, tem 247 anos. É o mais an‐ tigo e maior hospital militar da América Latina, com 650 leitos. A índia waiãpi disputou uma vaga com cinco mil candidatos, e foi aprovada com uma das melhores pontuações no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, onde concluiu o treinamento. O povo, que já foi numeroso, hoje está reduzido há cerca de setecentas almas no Parque Indígena do Tu‐ mucumaque. Já a nação Waiãpi, procedentes do baixo rio Xingu, onde é chamada de guaiapi, há mais de dois séculos mora nos confins da Amazônia brasileira, entre os rios Jari, Oia‐ poque e Araguari. ● Silvia vive atualmente comos três filhos e uma neta de quatromeses, no Rio de Janeiro. Casou recentemente comummilitar do Exército. Quando foi para Rio, ela já eramãe de Ydrish, hoje com22 anos e estudante de farmácia. Depois, aos 15, teve Tamudjim, que cursa direito, e, cerca de dois anos depois, teve Yohana, que está começando a estudar relações internacionais. SílviaWaiãpi, aprimeira indígena militar do Brasil Gente Revista DIÁRIO - Junho 2016 - 8
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