Revista Diário - 16ª Edição - Junho 2016
Submundo das drogas ganha tonalidades FEMININAS Jovens, pobres, negras, com idade entre 16 e 30 anos. Este é o perfil de detentas, condenadas por tráfico de drogas, que cumprempena no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). Esta constatação, avalizada pelo Tribunal de Justiça do Amapá (leia-se Vara de Execuções Penais), revela uma crescente tragédia familiar fomentada pelo narcotráfico emvisível espiral crescente na região, motivado, especialmente, pela extensa área de fronteira do Amapá como Estado do Pará, Guiana Francesa e Suriname. Essasmulheres, conforme informações obtidas junto à Justiça, ingressamno tráfico de drogas por necessidade de sobrevivência, mas, também, para satisfazer desejos de consumo, como comprar roupas demarca, frequentar salões de beleza, baladas ou bares damoda. L evantamentos realizados em Macapá pelas polícias Civil e Mili‐ tar igualmente revelam um dado estarrecedor: as mulheres cri‐ minosas estão mais violentas. Exemplo está na ala feminina do Iapen. Muitas apenadas também cumprem pena por roubo, mais co‐ nhecido como assalto, e, conforme depoimentos das vítimas, durante as ações criminosas foram mais agressivas do que os comparsas. De acordo com o sargento PM Robson Costa, esse é o típico com‐ portamento de autodefesa. Segundo afirma, elas estão mais preocu‐ padas em se defender de outros traficantes e criminosos do que da polícia. “Algumas até admitem que podem mudar, mas provavelmente vão continuar no crime. Revelam desejo de mudança e justificam o envolvimento no tráfico pelo poder de consumo adquirido, algo como dar uma vida melhor para os filhos. Dizem que com o salário míni‐ mo nunca vão poder ir a salões caros, no centro da cidade. Mas is‐ so não justiça nenhuma prática criminosa”, comenta. Apesar do contínuo desmonte das quadrilhas atuantes em bairros como Buritizal, Brasil Novo, Renascer e Per‐ pétuo Socorro, o tráfico avança inexorável devido, com‐ provam as ações policiais, à participação feminina na compra e venda de entorpecentes. As ações deflagradas a partir de longas in‐ vestigações ou por meio de denúncias anônimas, até conseguem des‐ mobilizar esquemas criminosos montados em residências aparente‐ mente insuspeitas, mas, seus efeitos efetivos ainda são pífios. ● Revista DIÁRIO - Junho 2016 - 74 Reportagem: Emanoel Reis Dramasocial
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