Revista Diário - 16ª Edição - Junho 2016
Revista DIÁRIO - Junho 2016 - 37 V ale salientar que essa redu‐ ção não ocorreu naturalmen‐ te, pois uma queda dessa proporção em um período de tem‐ po relativamente curto, não ocorre em um indicador tão importante como número médio de filhos por mulher. Então o que ocorreu comas mulheres do Amapá? Claramente a resposta que vem é a EDUCAÇÃO. A partir da metade dos anos 70, quando a televisão co‐ meçou a atuar em Macapá, as mu‐ lheres começaram a ter acesso às informações da maneira de lidar comseu corpo e exigir seus direitos de mulher. Ainda no começo dos anos oitenta, começou a populari‐ zação aqui no Amapá, o que já vi‐ nha ocorrendo nos centros mais desenvolvidos, os métodos contra‐ ceptivos, principalmente a pílula anticoncepcional, que já havia sido moda nos anos 60 nos grandes cen‐ tros do país. Lembramos também que na primeira década dos anos oitenta, programas de televisão como TV mulher e Malu Mulher, tiveram sua contribuição nesse despertar da mulher amapaense, porém o aumento da escolaridade e o aces‐ so das mulheres a universidade e ao mercado de trabalho, foram fundamentais nessa redução da fecundidade. A Pesquisa Nacional por Amos‐ tra de Domicílios – PNAD e o censo de 2010 revelam que a mulher amapaense continua com uma das maiores taxas de fecundidade do país, próximo de 3,0 filhos por mu‐ lher, enquanto a do Brasil ficou abaixo de 2,0, praticamente uma ta‐ xa de reposição. Essas pesquisas re‐ velam ainda que 70 % das mulhe‐ res amapaenses entre 15 a 49 anos já tiveram filhos, hoje correspon‐ dendo a 158 mil mulheres, e 57 % das mulheres que já tiveram filhos nascidos vivos, possuem 3 ou mais filhos (um pouco mais de 60 mil mulheres). Além da redução da fecundida‐ de, outro indicador que mostra o avanço das mulheres amapaenses nas últimas décadas é a responsa‐ bilidade pelos domicílios. Possuí‐ mos algo em torno de 190 mil do‐ micílios, sendo que em 30 % deles asmulheres foram identificadas co‐ mo responsáveis, e essa taxa é a ter‐ ceira do país ficando atrás do Rio de Janeiro e o Distrito Federal. Den‐ tro dessa linha, observamos que dos domicílios cujo responsável é uma mulher, um terço, por volta de 20 mil domicílios, as mulheres se declararam responsáveis mesmo possuindo cônjuge, sendo essa taxa menor apenas ao Distrito federal. O avanço é também observado nos novos arranjos conjugais que são formados. No censo de 2010 ve‐ rificou‐se que 188 casais se decla‐ ram serem do mesmo sexo, e o que chama a atenção é que desses, ca‐ sais 78% são formados pormulhe‐ res e 22% são casais masculinos. Essas e outras informações fa‐ zemparte de umsistema de indica‐ dores sobre os diversos aspectos associados ao desenvolvimento hu‐ mano e social das mulheres no âm‐ bito da família, do trabalho, da edu‐ cação etc, elaborados a partir dos microdados da amostra dos Censos Demográficos pelo IBGE. O Sistema Nacional de Informa‐ ções de Gênero (SNIG) é uma inicia‐ tiva da Secretaria Especial de Polí‐ tica para as Mulheres, órgão ligado diretamente à Presidência da Repú‐ blica. O Sistema foi desenvolvido para servir como instrumento de conhecimento da realidade das mulheres no Brasil, oferecendo subsídios indispensáveis para o planejamento e implementação de políticas públicas nesta área. ●
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=