Revista Diário - 16ª Edição - Junho 2016

Revista DIÁRIO - Junho 2016 - 25 G ago, epilético, mulato, nascido no Morro do Livramento, filho de uma lavadeira e de um pai pintor de paredes. No dia 21 de junho de 1839, nesse lar pobre, nasce um menino franzino comessas características; es‐ tava fadado ao ostracismo. Naquele dia veio ao mundo essemeninoque foi batizado comono‐ me de JoaquimMaria Machado de Assis. Dessa vida de menino pobre, solto pelo morro, tirou ele elemento para tornar‐se um grande contador de história. MachadodeAssis, conhecido hoje como o maior nome da litera‐ turabrasileira, foi o fundador daAcademiaBra‐ sileira de Letras. Aomorrer em1908, já era no‐ me consagrado na literatura. A presença de Machado de Assis na presi‐ dência da Academia vence Olavo Bilac com o tempo. Reconhece sempre o papado literário do romancista das “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Machado de Assis desde longos anos vinha mantendo a liderança das letras nacionais sem exibicionismos, semacotovelar ninguém, pelos esforços e perseverança. Martins Fontes, médi‐ co, poeta e crítico literário de sua época, con‐ fessou aBilac quenão admirava tantoo roman‐ cista de Dom Casmurro. Dizia ele: “Parece‐me seco, implacável sem esto”. Olavo explicou‐lhe: “Vocênunca sofreu. Para estimar e admirarMa‐ chado de Assis é preciso ter sofrido.” O romancista não quase se ocupou da lite‐ ratura de belezas ornamentais. Paisagens, nu‐ vens, horizontes, perspectiva, cenário não lhe entravamna compreensão. Interessava‐se ape‐ nas pelo homem, por issomesmo seus roman‐ ces podiam ficar no Rio de Janeiro, nas angús‐ tias urbanas, indiferentes ao cosmopolitismo. Bilac, interpretando a sensibilidade deMa‐ chado, disse: “Que vos há de dar umescritor do Rio de Janeiro senão a vida da rua do Ouvidor, do Teatro Lírico ou de Botafogo? Mas, se esse escritor temtalento original e potente, seus ro‐ mances, como os deMachado de Assis desven‐ darão na vida cosmopolita da cidade, aspecto materiais e morais que ninguém descortinará na vida de Roma, de Lisboa ou de Paris”. ● E-mail: otonaracy@uol.com.br OtonAlencar A Academia Brasileira de Letras por ele fundada nasceu com descrédito. Olavo Bilac dizia: “A Academia continua inútil. Cada acadêmico é um faquir, extasiado com o próprio umbigo e dos umbigos vizinhos.” Oton Alencar, Pastor da Igreja Assembleia de Deus, bioquímico, teólogo e advogado ARTIGO O bruxo do Cosme Velho

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