Revista Diário - 16ª Edição - Junho 2016
N a contramão de várias ferrovias centenárias espalhadas no mundo inteiro, inclusive no Brasil, que não só prestam um inestimável serviço ao desenvolvimento, por transportarem cargas e produtos agrícolas, como também realizam o transporte de passageiros, a exemplo da Estrada de Ferro Oeste de Minas, que funciona ininterruptamente há cerca de 300 anos, a Estrada de Ferro do Amapá (EFA) deixou de ser uma eficiente força motriz do desenvolvimento agrícola, minera e do turismo, por irresponsabilidade de empresas privadas detentoras da concessão, como também – e principalmente – do próprio governo do estado, que não viabilizou mecanismos de fiscalização e controle do seu funcionamento. Trata‐se, inquestionavelmente, de um importante e rico patrimônio do estado e da população amapaense que atualmente representa apenas um emaranhado de ferros retorcidos, o que transformou a bucólica paisagem em berço nefasto de sucata, tudo por culpa de empresas de mineração que foram beneficiadas com concessões públicas para sua exploração, sem que tenham honrado as contrapartidas exigidas durante a outorga das concessões; enfim, a velha e hoje carcomida Estrada de Ferro do Amapá passou a ser tratada como um fardo indesejável, sendo passada de braço em braço sob o olhar conivente do estado. São 200 quilômetros Floresta adentro que o governo do Amapá tem, mais uma vez, a responsabilidade de reconstruir, permitindo o resgate da história da ocupação da Amazônia através do maior projeto industrial da região – e um dos mais expressivos do planeta, na época. É a memória que exige ser poupada, impondo, por isso, a recolocação dos trilhos que foram saqueados, a restauração dos vagões e, por fim, a reativação da linha, que inicia em Serra do Navio e cruza vários outros municípios amapaense, incluindo Macapá, até chegar no Porto de Santana, o ponto de partida da produção mineração – e agora de grãos – para o mercado exterior. ● Revista DIÁRIO - Junho 2016 - 23
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