Revista Diário - 13ª Edição - Fevereiro 2016
Revista DIÁRIO - Fevereiro 2016 - 43 C rueldades em nome de uma suposta raça superior, a ariana, levou ao extermínio de milhões de pessoas, as quais viviam refugiadas em campos de concentração, enfrentando condições subumanas. Lá, se afastavam de suas famílias para sempre. Essa história triste e macabra nos as‐ sombra até hoje. No entanto, para aplacar a dor de tantos, existem inúmeras histórias de heróis anônimos, aqueles que arriscaram a sua própria vida, na simples e altruísta vontade de fazer o “bem sem olhar a quem”, o que significa que esses heróis não se importaram para quem estariam realizando boas ações ou se veriam esse alguémnovamente. É a chama‐ da caridade silenciosa, emque, para a pessoa que a pratica, o ato de amor ao próximo é o que basta. Entremuitas dessas histórias, algumas até revisitadas em filmes e livros, umamemarcou bastante: trata‐se da biografia de Irena Sendler, uma assistente social polonesa que conse‐ guiu autorização dos nazistas para adentrar no gueto de Var‐ sóvia como objetivo de fazer o trabalho de encanadora e lim‐ peza dos esgotos, apresentando‐se como enfermeira. Pois bem, o que é interessante nessa história é que, a cada vez que ia para o subterrâneo exercer seu trabalho, Irena retornava e trazia, em sua mala de ferramentas, em sacos plásticos, sa‐ cos de batata uma criança. Esperta que era, conseguiu ades‐ trar um cãozinho, pisando na pata dele, para latir e fazer ba‐ rulho, desviando, assim, a atenção dos guardas e cães dos na‐ zistas, enquanto acomodava seu pacotinho de amor e saía dos esgotos. Estima‐se que Sendler salvou 2.500 crianças dos horrores da guerra e da crueldade antissemita. Tinha somen‐ te 1:50 de altura, olhos negros, vivos e inteligentes. Conta‐se que ela foi descoberta, já no fim da segunda grande guerra, e os nazistas da Gestapo, conhecidos por suas atrocidades, quebraram‐lhe as pernas e os braços, mas mesmo isso não foi o suficiente para brecá‐la, mesmo se utilizando de cadeiras de rodas. Cada criança salva te‐ ve seu nome escrito em um papel, colocado numa jarra e enterrado no quintal de uma sua amiga. Após o término do holocausto, ela pegou o registro das crianças e tentou com afinco encontrar os parentes delas. As que não obteve êxito, ou seja, que não tinham quaisquer pa‐ rentes vivos, encaminhou‐as para adoção com o devido acompanhamento. As crianças que salvou só a conheciampe‐ lo apelido de Jolanta. Em 2007 foi indicada para o prêmio Nobel da Paz, mas concorreu com o ex‐presidente Al Gore dos EUA, grande ati‐ vista mundial na seara das mudanças climáticas mundiais e de renovação da administração pública para uma gestãomais próxima ao cidadão. Ele então foi o agraciado. Ela faleceu logo depois, em 12 de maio de 2008, mas sua luta incansável sobrevive: ganhou adeptos e continua até hoje em uma associação denominada LIFE IN A JAR (vida numa jarra). Uma linda história de amor, pondo em risco a própria vida que só foi descoberta em 1999 por estudantes americanos do Kansas efetuandopesquisas emumaUniversidade. Quantoper‐ guntada o motivo de tanta coragem dizia" meus pais me ensi‐ naramque se umhomemestá se afogando, sua religião ou na‐ cionalidade é irrelevante, deve‐se ajudá‐lo. Ajudar cada dia al‐ guém temque ser uma necessidade que saia do coração". Há tantos heróis e heroínas anônimos no mundo .... Ain‐ da bem! Lembrei muito dos refugiados que fogem da sua pátria em busca de um lugar de paz, sem guerras, onde possam criar seus filhos e ter uma existência digna. Atravessammares revoltos, caminham incansavelmen‐ te em meio a deserto, neve e, muitas vezes, perecem no meio do caminho. Oholocausto atual não ocorre por raça, mas por religiãona modalidade do radicalismo e saga de poder. Que muitas Irenas anônimas existam por esse mundo afora! ● Juízadedireito ElayneCantuária O amor e o bem por si só Elayne Cantuária, Juíza e articulista do Jornal Diário do Amapá e Revista Diário Em 2007 foi indicada para o Nobel da Paz, mas concorreu com o ex presidente Al Gore dos EUA. Ele então foi o agraciado. Ela morreu em 12 de maio de 2008, mas sua luta sobrevive: ganhou adeptos e continua até hoje na associação Vida numa Jarra. História de amor, pondo em risco a própria vida que só foi descoberta em 1999 por estudantes americanos em pesquisas numa universidade. Quando perguntada sobre o motivo de tanta coragem, dizia “meus pais me ensinaram que se um homem está se afogando, sua religião ou nacionalidade é irrelevante, deve-se ajudá-lo. Ajudar cada dia alguém tem que ser uma necessidade que saia do coração". ARTIGO
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=