Revista Diário - 13ª Edição - Fevereiro 2016

Revista DIÁRIO - Fevereiro 2016 - 42 Cultura N o ano seguinte já foram participar do Festival do Sesc com a música Norteu (Norte+Eu), composi‐ ção de Osmar e Álvaro, já carregada com o orgulho e consciência regional. O Grupo NÓS era um time de jo‐ vens que já sabia o rumo que tomar, participando de to‐ dos os festivais da época e com uma linha de composição bem definida. Nesse ano, Norteu ganhou logo o primeiro lugar. O avanço musical do grupo foi rápido e competen‐ te. Disputavam os festivais com monstros consagrados da poesia amapaense do porte de Alci Araujo, Cordeiro Gomes, Izar Leão, Francisco Rodrigues de Souza, o Gale‐ go, e outras feras da poesia amapaense. Em 1981, o Gru‐ po ganha o reforço fenomenal de Zé Miguel, guitarrista integrante de uma banda que tocava músicas de carnaval, da qual faziam parte também Zenô Silva, trompetista na ápoca, o cantor Batan e o compositor Edilson Moreno. Guitarrista, Zé Miguel tinha uma batida de guitarra en‐ vergada mais para o blue, uma influência adquirida dos hinos da Igreja Presbiteriana, onde ele tocava aos domin‐ gos. “Eu vou para o Grupo NÓS num momento que a re‐ ferência de música no Amapá é o Grupo Pilão, que nos antecedia e tinha todo um histórico com a temática re‐ gional. Nós bebemos um pouco na fonte do Grupo Pilão, mas era um outro formato e a gente começou a trabalhar uma linguagem mais moderna. Era um outro momento. Foi toda uma historia de vitórias. A partir daí a gente con‐ solidou as amizades e as parcerias. O Osmar sempre dizia que no futuro a gente ia ser referência, mas eu achava que era viagem dele, e o Osmar sempre foi visionário. Ho‐ je vemos que era uma viagem de destino certo. E é o que nós somos hoje. Nos anos seguintes, o Grupo NÓS se desintegrou, mas a semente já estava plantada, brotando e crescendo nu‐ ma velocidade e consistência impressionante. “Nesse momento vislumbramos que o que tínhamos criado con‐ tinha uma força muito grande, fruto no nosso trabalho, do nosso amor e que se transformou no que chamamos hoje de Música Popular Amapaense”, orgulha‐se Amadeu Cavalcante. Scarlayt, Cabana do Pai Tomás, que depois vi‐ rou a banda Cores Viva, com Osmar Junior. Em 1987, Amadeu Cavalcante grava o disco Sentine‐ la Nortente, com músicas de Osmar Jr. e em seguida Zé Miguel grava Vida Boa. Ambos estouram nas rádios e nos shows dentro e fora do Amapá. Nos anos seguintes, Osmar Jr. surge com a obra Re‐ voada, e Val Mi‐ lhomem com o seu espetacular Formigueiro. As quatro obras eram a muni‐ ção que preci‐ savam para criar um movi‐ mento ainda maior e que se‐ lava para sem‐ pre o conteúdo regional base para a solidifi‐ cação da Músi‐ ca Popular Am a p a e n s e . Aqueles quatro jovens que em 1979 brincavam seriamente de fazer música, chegam 30 anos depois com um trabalho maduro, consistente e com identidade particularmente amapaense, e montam o primeiro grande espetáculo juntos: Paralelo Brasil, que depois se converte emMovimento Costa Norte, com a participação de Joãozinho Gomes, um poeta paraense adotado pelo Amapá que a partir de então passa a inte‐ grar o grupo. “A Música Popular Amapaense é obra ca‐ paz de envaidecer qualquer pessoa que ame esta terra. Ninguém discute a qualidade dela”, conclui Osmar Jr.. O trabalho dos cinco artistas culmina no melhor produto já produzido por eles, num momento de amadureci‐ mento poético e melódico, Planeta Amapari, um traba‐ lho reconhecido dentro e fora do Brasil. ●

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