Revista Diário - 13ª Edição - Fevereiro 2016
N o fim dos anos 70 e início dos anos 80, o país fer‐ via pedindo o fim do regime militar, os movimen‐ tos culturais e sindicais ensaiavam os primeiros passos rumo à democracia e o povo ganhando as ruas pedindo eleições diretas para Presidente. O engajamen‐ to político de artistas de todo top crescia a cada dia. Nessa época, o Brasil vivia uma efervescência musical revolucionária, do rock and rol à bossa nova, do brega ao sertanejo, do doidão Tim Maia ao Rei do brega Regi‐ naldo Rossy. Uma ascensão cultural que regime totali‐ tário nenhum consegue sufocar. Sim, ainda havia o Gon‐ zaguinha invadindo as universidades e os corações da juventude brasileira com a música “E Vamos à Luta” (...eu vou à luta com essa juventude, que não corre da raia a troco de nada, eu vou no bloco dessa mocidade, que não tá na saudade e constrói a manhã desejada). Enquanto o Brasil pegava fogo, no Amapá, alguns jovens, alguns deles adolescentes ain‐ da, andavam dispersos pela cidade, jogando bola na beira do rio, rolando pelos bairros de Macapá, descobrindo os quintais da cidade e vivendo o início de suas juventudes de uma forma única num ambiente que forneceria mais tarde todos os in‐ gredientes necessários para cantarem o Amapá e a Amazônia de um jeito que so‐ mente eles saberiam fazer. Enquanto brincavam entre noites e noitadas, a musicalidade e a poesia começa‐ vam a brotar na imaginação daqueles moleques – ah, eles sequer imaginavam que chegariam em 2015 sendo referências para as gerações seguintes. Era a época dos grandes festivais de músicas que chegaram ao Amapá através dos eventos culturais do Sesc Amapá e da As‐ sociação dos Universitários do Amapá (Auap). Dois movimentos fundamentais para o surgimento de gran‐ des talentos da música regional amapaense, entre eles os quarteto Val Milhomen, Amadeu Cavalcante, Osmar Junior e Zé Miguel. ● “Amanheceu, vento queme embala Sou formiga que trabalha Soude fogo, sim Osol nasceu bateu na minha cara Não espero a cigarra vim cantar pramim” (Trecho de “Formigueiro”, de Val Milhomem) Revista DIÁRIO - Fevereiro 2016 - 39
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