Revista Diário - 11ª Edição - Outubro 2015

A bordado de um jeito tragicômico pelas redes sociais, cir‐ culou por meio dela um vídeo de uma lutadora de jiu jtsu e MMA que imobilizava um rapaz, com um golpe chamado triângulo, após reagir ao assalto anunciado por ele e outra pes‐ soa, em via pública. A lutadora, uma jovem aparentando ser bem mais franzina que o então meliante, folgava e apertava o pescoço dele ao seu alvedrio, ocasião em que, por causa da tamanha agonia que o gol‐ pe impingiu, clamava ele pela chegada da polícia. Não foi o primeiro caso de manifestação popular de açoite e de justiça pelas próprias mãos que vimos ultimamente. A situação por trás é preocupante e denota uma crise no mo‐ delo de segurança e justiça, que leva a população a querer "fazer justiça pelas próprias mãos". Não estou aqui pra avaliar de quem é a culpa: da sociedade composta por cidadãos passivos em seus direitos básicos; de uma polícia incapaz de ostensivamente evitar o crime; de uma justiça lenta em que o tempo do processo não mais agrada ao cidadão... Enfim, nesse cenário ando temerária de que se volte no tempo e passe a vigorar a assombrosa Lei de Talião (olho por olho, dente por dente) e os famosos justiceiros ganhem terreno, sem contar a errada lição de se reagir a um crime dessa natureza. ● Juízadedireito ElayneCantuária ARTIGO A função de realizar a justiça, por um poder independente, cercado de seus atores (Polícia Militar e Civil, Ministério Público e Advocacia, entre outros), foi uma das maiores conquistas da sociedade e, por isso, o retrocesso é temerário e beira ao caos. Não se pode mais esconder o clamor da sociedade por socorro. Mata leão diário Revista DIÁRIO - Outubro 2015 - 64 Elayne Cantuária, Juíza e articulista do Jornal Diário do Amapá e Revista Diário

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