Revista Diário - 11ª Edição - Outubro 2015
Revista DIÁRIO - Outubro 2015 - 43 J anary Nunes, ao chegar emMacapá, optou por perma‐ necer na cidade devido à distância em relação às simi‐ lares regionais, especialmente Belém, e de outras par‐ tes do país. Somente emmaio de 1944, quatromeses após a posse, por meio de uma exposição de motivos, o gover‐ nador conseguiu a mudança definitiva da capital, junto à Presidência da República. A vida provinciana da cidade, cuja área geográfica em seu microscópico perímetro ur‐ bano se resumia, além do centro formado pelos largos de São Sebastião e São João (atuais praças Veiga Cabral e Ba‐ rão do Rio Branco, respectivamente), o Largo dos Inocen‐ tes, na área conhecida como Formigueiro, atrás da Igreja Matriz de São José, a chamada Rua da Praia, (atual Beira Rio) e a orla do antigo Igarapé das Mulheres (atual Perpé‐ tuo Socorro), próximo ao prédio da Rádio Difusora deMa‐ capá, e arredores da Fortaleza de São José de Macapá (RDM). O restante era considerado área rural, com desta‐ que para o Poço doMato, onde havia um lago que pontua‐ va comdestaque emmeio à paisagemnatural. Compondo os escalões maiores de seu governo com tecnocratas e profissionais de fora do território, uma vez que a baixa es‐ colaridade, o analfabetismo e o semi‐analfabetismo gras‐ savam na sociedade local, Janary Nunes também incenti‐ vou a vinda de educadores de outros estados, sobretudo do Pará, notadamente de Belém, alémde recrutar umcon‐ tingente de mão de obra para a construção civil já que era necessário e urgente construir prédios públicos, hospitais, escolas e residências. Foram esses operários que trouxe‐ ram o carnaval para o território federal do Amapá. Evidentemente que as áreas centrais são, via de regra, destinadas às elites ocupantes do poder e “ungidas” de prestígio, dinheiro e notoriedade e, por conta disso, o GTFA (sigla de governo do território federal do Amapá) providenciou a construção de residências no centro da ci‐ dade e, com isso, grande parte dos afrodescendentes que vivia no centro foi convocada a se retirar da área para ir morar nos bairros que seriam criados nas periferias das faixas norte (campos do Laguinho) e oeste (Favela, atual Santa Rita). As negociações foram feitas entre o próprio governador e as principais lideranças dos negros, como Julião Tomaz Ramos, Raimundo Ladislau (representando o grupo que rumou para o Laguinho) e Gertrudes Satur‐ nino (líder do grupo que se dirigiu para a Favela). Alémde garantir os lotes de terrenos, o GTFA também forneceu material para a construção das novas casas. Janary man‐ teve sempre contato com as lideranças em questão. Esse fato possui simbologia e representatividade imensuráveis e pode‐se dizer que foi um verdadeiro “divisor de águas” na história do Amapá, com implicações e repercussões po‐ líticas, econômicas, socioculturais e religiosas. ● ● Pintura de Marabaixo no interior da Fortalezade São José deMacapá.
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