Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015

Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 59 A doença de alzheimer é ummal caracte‐ rizado por paradoxos fantásticos, pois é com o prolongar da vida que acumula‐ mos informações e experiências que precisa‐ mos armazenar e passar para as novas gera‐ ções. E é aí que mais precisamos da função ce‐ rebral, e onde essa patologia atinge e lesa de maneira cruel a memória humana. Quem melhor caracterizou essa doença foi o grande escritor Gabriel García Márquez na obra prima Cem Anos de Solidão – os ha‐ bitantes de uma pequena cidade na selva amazônica perdem a memória, chegando a não reconhecer seus laços familiaraes. No en‐ tanto, no romance há um fim feliz com a che‐ gada de cigano curandeiro que descobre um elixir, curando o mal. Não é o caso da realidade mundial em que a demência de alzheimer continua aumentan‐ do a população dos desmemoriados no plane‐ ta. E não é que namesma Colômbia surge uma luz no fim do túnel? Pesquisadores se voltam para Medelín e seus arredores, onde um tron‐ co familiar apresenta aproximadamente 1% dos 27milhões de portadores de alzheimer no mundo todo até 2006. As famílias colombianas suscetíveis à doença de alzheimer estão na vanguarda da pesquisa de prevenção com uso de medica‐ mentos que tenham a função de evitar a de‐ posição da proteína beta‐amilóide no tecido cerebral, mecanismo hoje entendido como causa da doença. Sabemos hoje que os medicamentos usa‐ dos para alzheimer tratam apenas os sinto‐ mas cognitivos e não o processo básico da doença. Funcionam por tempo limitado de meses e alguns anos. O tratamento atual se volta para biomarcadores diagnósticos que serão ferramentas importantes no diagnós‐ tico precoce e proporcionarão o uso de me‐ dicamentos que impeçam chegar à irreversi‐ bilidade do quadro clínico. A onda do alzheimer cresce exponencial‐ mente na medida em que a população enve‐ lhece, porque a incidência aumenta coma ida‐ de. Estatísticas apontaram para total aproxi‐ mado de 39 milhões de idosos nos Estados Unidos, em2010. E poderá atingir a cifra de 89 milhões por volta de 2050, sendo a idade o maior fator de risco para a alzheimer. Aqui pensando, acredito piamente na ciên‐ cia médica , e espero que os cientistas da neu‐ rociência consigam um final feliz, assim como o nosso grande García Márquez no célebre Cem Anos de Solidão. ● ViverBem DoutorCláudioLeão, clínico geral Doutor Cláudio Leão, Clínico geral e coordenador da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Camilo. A doença da escuridão

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