Revista Diário - 12ª Edição - Novembro 2015
O arsenal utilizado pelos médicos do Hospital da Mulher Mãe Luzia, em Macapá (AP), consiste de celula‐ res e lanternas. Há apro‐ ximadamente dois anos o gerador da única mater‐ nidade que atende gravi‐ dez de alto risco no Ama‐ pá apresenta problemas. Toda vez que falta ener‐ gia, o aparelho demora a ligar. O médico São Judas Tadeu, nome fictício, pois o profissional tem medo de represálias, já teve que concluir cirurgias à luz de celulares e lanternas em torno de dez vezes. Em ambos os casos, ele tinha iniciado o procedimento com energia. O caso mais difícil nestes 25 anos exercendo a Medicina aconteceu neste semes‐ tre. “Eu realizava uma la‐ parotomia exploradora (abertura do abdome) em uma paciente que entrou na emergência com gravi‐ dez ectópica (gravidez fo‐ ra do útero, neste caso estava nas trompas) e no meio do procedimento faltou energia. Esta re‐ gião sangra muito e foi difícil finalizar o procedi‐ mento com pouca ilumi‐ nação”, conta Tadeu. O problema no gera‐ dor também atinge a UTI Neonatal do Hospital da Mulher Mãe Luzia. A pe‐ diatra Maria Goreti, nome fictício, pois a médica também teme por repre‐ sálias, conta que a bateria dos respiradores antigos não funciona e bebês que estão respirando com ajuda de aparelhos são ventilados com ambú, que é uma espécie de ba‐ lão, que funciona ma‐ nualmente. “Esse proble‐ ma ocorreu várias vezes. O risco desse processo é que vá mais oxigênio do que o recém‐nascido ne‐ cessita”, explica. Enquanto o problema no gerador não é solu‐ cionado, os pacientes correm risco a cada que‐ da de energia. E a única opção para os profissio‐ nais da saúde é recorrer ao famoso jeitinho brasi‐ leiro e driblar com criati‐ vidade a falta de equipa‐ mentos para garantir um bom atendimento aos pacientes. Lanternas e celulares utilizados emparto Revista DIÁRIO - Novembro 2015 - 33
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