Revista Diário - 12ª Edição - Novembro 2015
E ntre as várias homenagens recebidas por Lobo se destacam o Troféu Pitumbora, entregue pelo Con‐ selho Estadual de Cultura, e a Medalha de Acadê‐ mico Notável dos Edi icadodres do Memorial do Ama‐ pá conferida a ele pelo movimento Memorial Amapá. Foi de autoria do professor o projeto de lei que redun‐ dou na lei que instituiu 10 de junho o Dia da Língua Portuguesa, apresentado no Congresso Nacional pelo então senador Papaléo Paes. O professor fez época como ilósofo em Macapá, mais precisamente na praça Barão do Rio Branco, en‐ tão o ponto mais frequentado da cidade. No estilo do grego Sócrates, ele arrastava dezenas de pessoas, por dia, como se discípulas dele fossem, ensinando‐as, re‐ velando a elas os mistérios da vida. O saudoso advogado e escri‐ tor Isnard Lima, num dos muitos jornais que já circularam no Amapá, com a manchete “Um lo‐ bo ilósofo e amapaense”, escre‐ veu o seguinte: “Há muitos anos, ele costumava atrair a aten‐ ção dos jovens estudan‐ tes do Colégio Ama‐ paense, curiosos, homens inteli‐ gentes e até de alguns descon‐ iados transeun‐ tes. Sua aparição se dava na praça Barão do Rio Branco, no antigo João Assis, na praça Veiga Cabral e em alguns lugares mais frequentados pelo povão ou pela elite. De repente es‐ colhia um tema qualquer e começava a dissertar sobre o assunto. Seus olhos carregavam o fogo de um grande talento e os gestos indicavam as circunvoluções total‐ mente ligadas dos neurônios. Inquieto, sedento de cul‐ tura, irreverente, esmiuçando às vezes temas além de nossa época – asasim se mostrava aquele caboclo do Aporema, então um jovem estudante da Escola Normal de Macapá. Prendia a atenção das pessoas, a admira‐ ção dos mais argutos e suscitava também a crítica dos ignorantes, que não compreendiam o que aquele no‐ bre homem explicava. Seu nome começava a ser co‐ mentado nas rodas dos escassos intelectuais de 40 anos atrás. Depois, desapareceu do cenário durante um longo tempo. Hibernou, cultivou cada vez a arte di‐ vina das palavras, lecionou Gramática Portuguesa no C.A. e parecia não ligar para a Filoso ia pregada nas praças e bares de Macapá de outrora. Sempre o via, provocava‐o, para continuar a ouvi‐ lo e aprender muitas coisas que não sabia. Um dia lhe perguntei por que não escrevia um livro sobre todos aqueles pensamentos que lhe brotavam em cascata, inspirados por uma Inteligência Superior. Eu sabia da magnitude estelar que tinha a minha frente. Aquele ca‐ boclo do Aporema não era e nem é um homem comum. É um ilósofo. Talvez um dos poucos autênticos ilóso‐ fos brasileiros. Eu me orgulho de ser amigo e da mes‐ ma forma deveriam se orgulhar todos os verdadeiros amapaenses. Seu nome: Raimundo Pantoja Lobo”. Personalidade R aimundo Pantoja Lobo entrou no magistério e se aposentou como professor de Língua Portuguesa. Ele é um apaixonado pelo vernáculo brasileiro. Ainda hoje, já quase sem sair de casa, não pára de pesquisar. Também não esquece a Filosofia. No momento se pega na busca de comprovar, filosoficamente, que toda espécie masculina da natureza é mais bonita que a feminina. O professor guarda com carinho uma correspondência lhe enviada em 10 de janeiro de 2002, assinada pelo diretor tesoureiro da Academia Brasileira de Letras (ABL). A correspondência diz o seguinte: Revista DIÁRIO - Novembro 2015 - 24
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