Revista Diário - 12ª Edição - Novembro 2015

L obo foi levado para a escola pelo tio João Brazão, chegando lá dois me‐ ses depois das aulas teremcomeça‐ do. Ocaboclo doAporema, uma fenôme‐ no, terminou o curso primário em ape‐ nas dois anos. Só tirava 90 e 100nas ava‐ liações escolares. Nenhum outro aluno conseguia acompanhar o jovem. Os professores i‐ cavam abismados com o desempenho daquele estudante procedente do Apo‐ rema que, pobre, juntava papéis deixa‐ dos pelas aeronaves na Base Aérea, con‐ feccionando os cadernos com os quais fazia as suas anotações escolares. Certa vez, o iciais americanos foram à escola da Base Aérea oferecer sapatos ou livros aos alunos que mais se desta‐ cavam nos estudos. Ao primeiro coloca‐ do, Raimundo Pantoja Lobo, um o icial perguntou se queria um par de sapatos ou livro. Livro, foi a resposta. Ganhou o livro, mas tambémo par de sapatos. Ainda ajudado por Coaracy Nunes, Lobo se mudou para Macapá, pra conti‐ nuar os estudos. Fez o então ensino nor‐ mal no Instituto de Educação doTerritó‐ rio Federal do Amapá (Ieta), residindo no entãoGinásiodeMacapá –numquar‐ tinho cedido especialmente ao brilhante aluno. No Ieta, o aporemense tambémfoi primeiro lugar em todas as disciplinas. Como sucesso estudantil alcançado pelo seu protegido, Coaracy Nunes co‐ meçou a providenciar a ida de Raimun‐ do Lobo para a famosa Escola Dom Pe‐ dro II, do Rio de Janeiro. Mas Deus levou o político num acidente aéreo dia 21 de janeiro de 1958, juntamente com o su‐ plente de deputado federal Hildemar Maia e o piloto Hamilton Silva, em Ma‐ cacoari, região do hoje município de Itaubal do Piririm. Choroso, o estudante Lobo foi ao Aeroporto de Macapá, ainda na avenida FAB, dá o seu último adeus ao amigo Coaracy Nunes. Ele lembra das palavras que proferiu ao ver o avião decolar com o corpo carbonizado do deputado fede‐ ral para sepultamento no Rio de Janeiro: “Lá vai o meu grande amigo e benfeitor; se não fosse ele, eu estaria ainda nos la‐ gos e rios de minha terra natal”. Desde o fatídico dia 21 de janeiro de 1958, todo mês, o professor Lobo manda celebrar Missa em memória do seu patrono na Igreja da Conceição, bairro do Trem. Professor Lobo é viúvo da professo‐ ra Josefa de Lima Lobo, morta em2010, e coma qual teve sete ilhos. Eles são os seguintes: assistente e perita social Sô‐ nia, Leonardo (falecido), o icial de justi‐ ça Rui Carlos, Éder, Tônia Bernadete (in memoriam), sargento PM da reserva Raimundo e tenente PM Iran. A assis‐ tente social Sônia é um exemplo de amor à igura paterna. Ela abandonou a estabilidade pro issional e familiar que tinha em São Paulo apenas para tratar do paizão emMacapá. Revista DIÁRIO - Novembro 2015 - 23 Raimundo Lobo na sua formaturapara omagistério. Ao lado, amigoAldeobaldo, filhaSônia e Lobo

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