Revista Diário - 12ª Edição - Novembro 2015

E m um estudo realizado recentemente por acadêmicos de medicina da Uni‐ fap, foi observado que, nos últimos cinco anos, 50 casos foram noti icados por doença de chagas apenas na cidade de Ma‐ capá. E o mais curioso: pelo menos 90% desses foram transmitidos através do con‐ sumo do nosso tão valioso açaí. A doença de chagas é considerada uma doença endêmica na América Latina, onde se estima haver cerca de 12 milhões de pessoas infectadas, e mais de 20 mil mor‐ tes por ano em virtude da patologia. Graças à forma de transmissão pelo consumo de açaí, nós, habitantes de Macapá, possuímos um risco 28 vezes maior de contrair a for‐ ma aguda da doença, quando comparados com o restante da população brasileira. A infecção é causada pelo protozoário parasita Trypanossoma Cruzi, que é trans‐ mitido pelas fezes de um inseto (triatoma) conhecido como barbeiro. Como o parasi‐ ta habita o intestino do inseto, a transmis‐ são ocorre de duas formas principais: ou quando a pessoa coça o local da picada e as fezes eliminadas pelo barbeiro pene‐ tram pelo orifício que ali deixou, ou quan‐ do ingerimos alimentos triturados junta‐ mente com o inseto. Como o açaí , em sua maioria, é proveniente de regiões ainda florestadas e é transportado em sacas pa‐ ra as batedeiras da capital, há um ambien‐ te perfeitamente viável para o transporte de insetos concomitantemente com os frutos, bem como a presença de dejeções ou fluidos contaminados. Visando evitar o risco da contamina‐ ção do açaí, o Ministério da Saúde reco‐ menda aos produtores artesanais a utili‐ zação das técnicas de higienização e branqueamento (imersão em solução de hipoclorito) do fruto do açaí, aliada às boas práticas de coleta, transporte, arma‐ zenamento e manipulação. E então? Que tal nos tornarmos “ is‐ cais do açaí” para salvar esse fruto tão im‐ portante à nossa economia e indispensá‐ vel nas nossas mesas? ViverBem Doutor Alessandro Nunes, Médico professor da Unifap, especializado em Clínica Médica pela Unifesp, e Geriatria, pela USP. Como o açaí está “ressuscitando” a doença de chagas emMacapá PARA O BRANQUEAMENTO DO AÇAÍ, DEVE SER REALIZADA: Seleção adequada dos caroços do açaí; Submersão dos caroços em água quente a uma temperatura de 80°C por dez segundos; Transferência rápida para água fria, para que conteça um choque térmico. PARA A HIGIENIZAÇÃO DO FRUTO: Lave os caroços em água potável com Hipoclorito de Sódio 2% por 20 minutos; Lave novamente os caroços, duas vezes; Processe os caroços com água filtrada. Revista DIÁRIO - Novembro 2015 - 16

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